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P. Ignacio da Piedade e Vasconcellos. Historia de Santarem edificada. 1740.

Na parte em que trata das vidas de pessoas, dignas de memoria em Lettras, naturaes de Santarem

D. Rodrigo da Cunha.

Catalogo dos Bispos do Porto. 1623.

Hist. Eccles. de Braga... 1634. 1635.

Hist. Eccles. da Igreja de Lisboa. 1642.—A 2.a Parte está inedita.

Manoel Gomes Bezerra. Os estrangeiros no Lima, etc. 1785.
1791.

P. Antonio de Macedo. Lusitania Infulata et Purpurata,
seu Pontificibus et Cardinalibus illustrata. Paris. 1663.
1673.
Francisco Soares Toscano. Parallelos de Principes, e Va-
roens illustres antigos, a que muitos da nossa nação por-
tugueza se asemelhárão em suas obras, ditos, e feitos:
etc. acrescentados por Miguel Lopes Ferreira. Lisboa
1733.

Encontrão-se nesta obra alguns paralélos entre escriptores portuguezes e os da antiguidade; assim, por exemplo, entre Sá de Miranda e Antimacho; entre o Bispo D. Jeronimo Osorio e Tito Livio; entre o Padre Antonio Vieira e Cicero; entre Manoel de Faria e Sousa e Marco Varrão; etc.

São curiosos esses paralélos, e por isso os indicaremos, muito resumidamente, para que desde já formem d'elles alguma idéa os leitores que não tiverem ainda lido a obra de Toscano.

O poeta grego Antimacho amou extremosamente sua mulher, e sentio com profunda magoa a sua morte, compondo por essa occasião uma Elegía, na qual desaffogava a sua saudade. Sá de Miranda não amou com menor extremo sua mulher D. Briolanja d'Azevedo, com quanto já velha e pouco formosa. Quando perdeu a sua consorte, compoz um sentido soneto, e diz-se que não mais tornára a fazer versos, nem por muito tempo sobrevivêra á companheira querida.

Tito Livio grangeou uma brilhante reputação de escriptor talentoso e eloquente, depois que compoz as Decadas; e tanto ao

longe soou a sua fama, que das Gallias e das Hespanhas forão alguns á Italia para o verem e admirarem.-Ao nosso preclarissimo D. Jeronimo Osorio succedeu outro tanto em tempo de D. João 3.o e D. Sebastião, e maiormente depois que deu á luz os livros da Justiça Celestial. Recebeu lisongeiras cartas de agradecimento e louvor, e visitas de Inglezes e Allemães, e como o vião, fazião volta para suas terras.

Cicero foi o maior orador entre os Romanos; tomou grande parte nos negocios politicos da sua patria, á qual prestou relevantes serviços; soffreu desterros, e morreu longe de Roma. As suas obras immortaes são ainda hoje um thesouro da lingua latina, e um modelo de eloquencia. O Padre Vieira contribuio com a voz e com a penna para a felicidade da sua patria; lidou em negociações politicas; soffreu contrariedades mil e desterros, e morreu fóra do seio da terra de Portugal. As suas obras são ainda hoje, e serão sempre, um documento precioso da elegancia, da valentia e dos mais sublimes dotes da lingua portugueza.

Marco Varrão foi, na sciencia, um dos maiores homens entre os Romanos, parecendo incrivel o numero de volumes, e a variedade de materias sobre que escreveu.-Manoel de Faria e Sousa compoz um grande numero de obras de varia litteratura e de Historia.

Terei occasião de mencionar a obra de Toscano, quando no 2.o volume deste meu trabalho fallar das Obras de Gil Vicente, com referencia á Critica Litteraria.

-NOVA HISTORIA DA MILITAR ORDEM DE MALTA, E DOS SENHORES GRÃO-PRIORES DELLA, EM PORTUGAL.....-por José Anastacio de Figueiredo. Lisboa 1800.

Não obstante a natureza especial do assumpto desta obra de José Anastacio de Figueiredo, mencionamo-la pela circumstancia de fornecer noticias sobre os documentos da Torre do Tombo, sobre a lingua portugueza antiga, e sobre algumas particularidades interessantes em quanto ás nossas Chronicas.

No discurso que endereça ao Publico, no principio da sua obra, diz o Author: «Não ha cousa mais difficultosa a emprehender, e desempenhar nestes dias, que a composição de huma Historia; ella pede mão original, e não ha trabalho mais util, até por comprehensivo de tão variadas, e diversas Especies. Com tudo eu me aventurei a emprehender a presente na qual comprehendo juntamente em cada um dos Reinados, nos logares e

annos respectivos, a historia e extracto das Inquirições antigas; com tudo quanto me pareceo mais raro, novo, e exacto sobre a historia particular das Ordens do Templo, Sepulchro, e de Santo Antão, ou tambem das Benidictinas em Portugal: e faço por aproveitar tudo quanto, pelos mesmos principios, poderia interessar-te geralmente sobre a Historia, Jurisprudencia, e Linguas antigas deste Reino. »>=

DISSERTAÇÕES Chronologicas e CRITICAS SOBRE A HisTORIA E JURISPRUDENCIA ECCLESIASTICA E CIVIL DE PORTUGAL.....por João Pedro Ribeiro. Lisboa 1810.

O šabio João Pedro Ribeiro, tendo conhecido por experiencia os inconvenientes que, para a nossa Historia e Direito, resultavão da existencia de documentos falsos, que no fim do seculo 16.° e principio do 17.° forão fabricados na Hespanha e em Portugal, deu-se ao trabalho de ordenar algumas dissertações sobre diversos artigos historicos e juridicos, tendentes a restabelecer a verdade dos factos, e a lançar luz nos campos da nossa historia, jurisprudencia, e litteratura.

Já n'este 1. tomo da nossa obra aproveitamos as sabias investigações de João Pedro Ribeiro, recorrendo á doutrina da sua Dissertação 5., sobre o Idioma, Estilo, e Orthographia dos nossos Documentos, e Monumentos; e neste mesmo Capitulo mencionamos especialmente uma Dissertação sobre os trabalhos Diplomaticos em Portugal.

Para a Historia Litteraria de Portugal encontrão-se nas Dissertações subsidios muito seguros, e documentos interessantes.

-PASCHALIS Josephi Mellii FREIRII............. HISTORIA JURIS CIVILIS LUSITANI Liber SingularIS, jussu Acad. Regiæ Scientiarum in lucem editus. - Lisb. 1800. 3.a ediç. feita sob a direcção de Toncisco Freire da Silva Mello.

Nesta obra, que o insigne Paschoal José de Mello consagrou á historia do Direito Civil Portuguez, encontrão-se no Capitulo 12 alguns subsidios para a Historia Litteraria de Portugal. Neste Capitulo apresenta o sabio author um catalogo dos Jurisconsultos Portuguezes, que escreverão sobre a Legislação Patria, ou sobre o Direito Romano, e especialmente daquelles que no foro se tornárão mais célebres, tratando separadamente dos Theoricos e dos Praticos.-Se á historia da Litteratura, em especial, não he essencial ter conhecimento dos Jurisconsultos, he toda

via certo que á Historia Litteraria em geral interessão muito semelhantes noticias, e maiormente quando são subministradas por escriptores tão competentes e authorisados, como era Paschoal José de Mello.

VARIAS ANTIGUIDADES DE PORTUGAL-autor Gaspar Estaço. Lisboa. Por Pedro Crasbeeck, Impressor del Rey. Anno Doni MDCXXV.

No Prologo diz o Author, dando conta do motivo por que escreve as Varias Antiguidades:=« Sam Damaso Papa, gloria, e resplendor da naçam Portugueza escrevendo a Sam Jeronimo diz, que ler sem escrever é dormir. No qual sono estando eu, como estam muitos Portuguezes, espertou-me o dito de tam grave Pontifice Portuguez, e de varios livros, pergaminhos, e papeis ajuntei algumas cousas antigas, que estavam já postas de parte, conjecturando, que ordenadas, e vestidas de novas cores podiam tornar á praça, e nam parecer mal, como arvores de Outono com seu renovo. >>

Gaspar Estaço dá noticias muito curiosas de diversas antiguidades de Portugal, e aqui e acolá apresenta algumas indicações para a Historia Litteraria de Portugal.-Assim, por exemplo, no Cap. 21, citando a Chronica d'ElRei D. Affonso Henriques, que Duarte Galvão dedicou a ElRei D. Manoel, diz assim: «da qual elle nam foi autor, se nam apurador do antigo lin«goage, en q andava, como diz Joam de Barros. Espãtame dizer «Duarte Galvam, que elle a fez de novo, porque o Chronista <«<Fernam Lopes escrivam da puridade, que foi do Infante Santo <«<dom Fernando, e guarda mór da torre do tombo fez todas as << chronicas dos Reis té seu tempo, começando do Côde dom Hen<«<rique, como prova Damiam de Goes, e nam se pode crer, que << dexasse de fazer a do primeiro Rei de Portugal dom Affonso <«< Henriques, fazendo a do Conde seu Pai, e todas as mais. Pello «que se Duarte Galvam foi apurador, segundo Joam de Barros, << ninguem foi o autor senam Fernam Lopes, e hagora em nos<< sos dias Duarte Nunes o reformador.

No Cap. 44 dá noticias muito curiosas sobre o merecimento, e trabalhos litterarios de André de Resende, e de Achilles Estaço, discipulo daquelle.

O Cap. 45 tem por titulo: Do proveito das Universidades: que ellas fazem os escritores, e que a de Coimbra pouco depois de começar, começou logo de acabar.

Lamenta em primeiro logar que André de Resende não fosse devidamente incitado com as merecidas recompensas, pois que d'outra sorte fizera muito em beneficio da patria, e dexára de ser pobre, de que alguas vezes se queixa, porque os serviços, en que vai o gosto do Rei, e honra da Republica, não pode carecer de bom premio.

Recorda a generosidade de Alexandre para com Aristoteles, a quem aquelle grande Soberano deu oitocentos talentos por escrever a historia dos animaes; e diz depois : « Mas porī as incli«nações dos Principes sam differentes, e nem todos os Reis são « Alexandros, quero aqui lembrar a grande comodidade, ğ para <«<isto traze as universidades be ordenadas, em que ha professo«< res publicos, e salariados de todas as artes, e sciencias dedicados cada qual á liçam de sua faculdade, para o q a emulaçam, «<e opposiçam os faz mais idoneos, como já houve na de Coim«bra, q depois lhe foram tirados, dexado sómete os de theolo<«<gia, Canones, leis, e medicina.-Podese quexar a sagrada theo«<logia, pola privare da côpanhia, e ornato da mathematica, philosophia, logica, rhetorica, e as mais artes deste genero li«<das por taes professores, que Santo Thomas, e S. Dionysio «Areopagita lhe dam por ancillas. E nôs tambẽ nos podemos «quexar pello q se nos tirou co as taes artes, q nisto se verá <«< claramente, porque ellas deram aos Socrates, Aristoteles, De«mosthenes, Thucydides, Catões, Tullios, Livios, Cyprianos, Hieronymos, Agustinhos, Osorios, e infinidade de escrittores <«< outros, cujas obras nam se pode explicar de quanta utilidade <«< sejam.-Dos quaes homens ha neste Reino grande falta, e es«<pecialmète vemos, que vem estrangeiros a Portugal a escrever <«< nossas cousas, como se fossemos nós alguns barbaros, ou Por<«<tugal nam criasse engenhos, que applicandose o podessem fa<«<zer muito melhor, como hum Andre de Resende, hum Diogo « de Teve, e outros muitos, q poderamos ter, se a universidade << perseverara na orde, en q começou cô mestres eminentissimos « de letras humanas, cujos discipulos assi nas lingoas latina, e «<e Grega, como na philosophia deram a este Reino nam peque«no lustre, e honra, como notou Francisco de Andrada.»

Este Capitulo 45 he interessantissimo com referencia á historia da Universidade de Coimbra. (Veja o Ensaio do sr. Freire de Carvalho.)

Anda junto com as Varias Antiguidades um escripto do mesmo Author, que tem por titulo: Trattado da linhagem dos

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