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O CONDESTABRE DE PORTUGAL-por Francisco Rodrigues
Lobo. Lisboa 1610.

« Foy este Author de fecundissimo engenho, não só no Verso, mas na Prosa, e na verdade digno de melhor fim que o que teve, morrendo affogado no Tejo, e verificando-se infaustamente aquella sepultura, que elle em certa poesia desejava ter entre as suas areas.>>

EPANAPHORAS DE VARIA HISTORIA-por D. Francisco Manoel de Mello. Lisboa 1676.

<«<Author de muita erudição, e grande talento, de que ainda póde haver as mais vivas lembranças, reproduzindo-as elle quasi até o fim do seculo passado (17.9), em que floreceo, escrevendo tantas e tão varias obras como temos suas.>>

COROGRAPHIA PORTUGUEZA-pelo Padre Antonio Carvalho da Costa. Lisboa. 1.o tomo 1706. 2.o 1708. 3.o 1712.

<< Com quanto muitas das noticias tenhão alguma incerteza... n'estes livros se achão juntos os monumentos e antiguidades que estão espalhadas pelo Reyno todo, e de que atéqui nenhum Escritor fez collecção tão exacta.

ANTIGUIDADES E Grandezas de LISBOA-pelo Capitão Luiz
Marinho de Azevedo. Lisboa 1652.

HISTORIA INSULANA, ETC.-pelo Padre Antonio Cordeiro.
Lisboa 1717.

<«Nesta Historia se refere á que deixou manuscrita Gaspar Frutuoso, Varão certamente tão santo, como sabio.>>

LUSITANIA INFULATA ET PURPURATA, ETC.-pelo Padre
Antonio de Macedo. París 1663.

PARALLELOS DE Principes, etc.-por Francisco Soares
Toscano. Evora 1623.

Omitto muitos escriptores estrangeiros, que o author cita, por não fazerem ao meu proposito.

Na Collecção de Documentos que o Author reunio no tomo 4.° das Memorias, vem uma Carta escripta por ElRei D. Affonso so v a Gomes Eannes de Azurara, que muito interessa á nossa Historia Litteraria. Aquelle Monarcha escreveu a indicada Carta ao famoso Chronista, quando este estava em Alcacer Ceguer; e

não he possivel encontrar-se um documento mais recommendavel e honroso á memoria de um Soberano. A Carta de Affonso v respira uma singeleza de caracter, uma amabilidade e affectos tão extremosos, que muito encantão, quando baixão da elevada região do throno; e he sobre maneira notavel pelas honrosas expressões de louvor e de agradecimento, bem diversas das palavras taxadas, e avaras, segundo o uso dos Principes, como tão energicamente diz João de Barros. D. Affonso v apresenta-se naquelle documento, como um Soberano altamente presador dos homens de Lettras. Daremos uma breve amostra dessa Carta:= «Guomes Eanes. eu vos envio muito saudar. vi huma carta que me enviastes por A.° Friz com que muito folguey por saber que ereis emboa despozição da saude, por que certo tanto tempo avia que vós lá ereis, e eu não via carta vossa, que avia por muito certo que de algua infermidade creis ocupado, por que não podieis escrever: e desto dou por t." ao Rd.° P. B.° de Lamego com que eu muitas vezes falava, que causa seria por que vos não me escrevieis, que por muy sem duvida tinha, que não seria por minguoa de vontade, e lembrança vosa: e muito me prouve de saber como vos o Conde apozentara, e ho guasalhado que delle recebestes; e posto que ho elle deve a si fazer por usar de sua vertude: eu lho agradeço muito, e vos a si lho dizei de minha parte. não he sem razão, que os homens que tem voso carguo sejam de prazer e honrar, que depois daquelles P.res ou Capitaens que fazem os feitos dignos de memoria, aquelles que depois de seus dias os escreverão muito louvor merece; bem aventurado dezia Alex. que era Acchiles por que tivera a Homero por seu escritor: que fora dos feitos de Roma se Titolivio os não escrevera; E Quinto Curcio os feitos de Alexandre. etc. etc.:

Lamentamos não poder transcrever na sua integra este precioso documento; não resistiremos, porém, á tentação de citar a ultima parte: «e graças a Ds. eu me acho bom asi do corpo como das outras cousas, empero hom anda no mar deste mundo onde he continuamente combatido das ondas delle em especial pois todos andamos naquella taboa depois do prim."° naufragio, asi que nimguem se pode segurar ate que não chegue aquelle verdad. porto seguro que hom não pode ver se não depois da sua vida, ao qual a Deos apraza de nos levar quando vir que he tempo, porque elle he marinh."° e piloto sem o qual algum homě não pode entrar: do B.° noso amiguo que ho vejo ledo e são e de boa desposição, e praza a Ds. de lhe encaminhar as cousast

ro

seg.° elle dezeja se forem de seu serviço: da Torre dos purgaminhos eu tirarei aquella lembrança que vir que he meu serviço. O meu vulto pintado eu o não tenho pera volo aguora poder enviar: mas o proprio prazeraa a Ds. que vereis laa mais deve prazer. A vossa Irmãa averey em minha emcomenda segundo me escreveis. >>=

No fim do mesmo tomo quarto vem transcriptas as Obras em verso do Infante D. Pedro, filho d'ElRei D. João 1.

-RETRATOS E ELOGIOS dos VarÕES E DONAS QUE ILLUSTRARAM A NAÇÃO PORTUGUEZA EM VIRTUDES, LETRAS, ARMAS E ARTES, ASSIM NACIONAES, COMO ESTRANHOS, TANTO ANTIGOS COMO MODERNOs. Offerecido AOS GENEROSOS Portuguezes. -Lisboa 1817.

Pedro José de Figueiredo começou a publicar os Elogios em folhetos no mez de Julho de 1806; formão hoje um grande volume em 4.o, e contém 78 elogios.

Diz o author que pretendeu dizer, succinta e brevemente, o que de mais averiguado e certo corre entre os sabios, sem se embaraçar com disputas; mas que, procurando nas cousas o mais seguido e vulgar, nem por isso deu de mão á novidade que encontrou em documentos authenticos.

Entre os elogios de um grande numero de personagens, diversamente illustres, encontrão-se artigos biographicos e panegiricos do Doutor João das Regras; do Bispo Dom Antonio Pinheiro; de João de Barros; de Damião de Goes; de Diogo do Couto; de Fr. Thomé de Jesus; de Luiz de Camões; de Diogo de Paiva de Andrade; etc. etc.

Diz-se que alguns elogios são obra do Padre José Agostinho. de Macedo.

A collecção dos Elogios he adornado de retratos da maior parte dos varões illustres, cuja biographia ali é traçada. Não cremos que sejão os retratos a parte mais valiosa da collecção.

ESSAI STATISTIQUE SUR LE ROYAUME DE PORTUGAL ET D'ALgarve, comparé aux autres ÉTATS DE L'EUROPE, ET SUIVI D'UN COUP D'OEIL SUR L'État actuel ees Sciences, des LetTRES ET DES BEAUX-ARTS PARMI LES PORTUGAIS DES DEUX HÉMISPHÈRES...........-par Adrien Balbi. Paris 1822.

Sabem todos que n'esta obra célebre, escripta com o enthusiasmo e dedicação, que apenas poderião esperar-se de um nacio

nal, se encontrão muito circumstanciadas noticias sobre as Sciencias e Lettras em Portugal. Extractar o que ali se lê, fôra fazer um livro, e ainda assim muito imperfeito, sobre muito extenso. Remettemos por tanto o Leitor para o Ensaio Statistico do illustre Balbi no original, depois de pagarmos o tributo de louvor e de gratidão ao sabio estrangeiro, que tão desvelado se consagrou á tarefa de fazer conhecido, e a muitos respeitos vantajosamente, o nosso paiz.

Força he, porém, confessar que na parte litteraria das cousas portuguezas, unica de que agora nos he permittido tratar, alguma cousa ha que allegar contra o que diz Balbi; nem admira em verdade que um estrangeiro, que aliàs só residio em Portugal por espaço de vinte mezes, recebesse informações menos exactas, ou não podesse penetrar o amago das cousas, em um grande numero de casos. Um só exemplo bastará pară demonstrar o quanto de meditação, e de profundas averiguações precisa empregar um estrangeiro para avaliar convenientemente os homens de um paiz, que lhe he estranho. Leia-se a serie de nomes que elle cita em diversos ramos dos conhecimentos humanos, e vêr-se-ha que entre homens verdadeiramente distinctos por seus talentos e escriptos, enuméra alguns, que hoje nem se quer nos lembrão,-tão pouco luminoso foi o rasto que deixárão na vida!

Esta circumstancia, e outros descuidos, exagerações, ou erros, forão parte para que um Portuguez se impuzesse o dever de fazer alguns reparos á Obra de Balbi, na sua geographia litteraria de Portugal, como se vê do seguinte opusculo:

OBSERVAÇÕES CRITICAS SOBRE alguns artigos DO ENSAIO
ESTATISTICO DO REINO DE PORTUGAL E ALGARVE, PUBLI-
CADO EM PARIS POR ADRIANO BALBI-seu auctor Luiz
Duarte Villela da Silva. Lisboa 1828.

Disse Balbi que a Statistica, considerada na sua maior extensão, era ainda pouco cultivada em Portugal.-Villela citaThe a Chorographia de Antonio Carvalho da Costa; a Geographia do P. D. Luiz Caetano de Lima; de Antonio de Oliveira Freire; o Mappa de Portugal de João Baptista de Castro; os trabalhos de Martinho de Mendonça de Pina e Proença sobre o Cadastro geral do Brazil; a Chorographia Brazilica; as Descripções physicas e economicas de algumas comarcas do Reino; o Mappa Estatistico de Casado Giraldes; e depois destas cita

ções, estranha que Balbi cahisse em dizer que estavamos atrasados em conhecimentos statisticos!

Nesta parte, a rasão estava, e desgraçadamente continúa ainda a estar hoje, do lado de Balbi. Todos os trabalhos que Villela cita, e outros mais que podéra allegar, são certamente muito recommendaveis; mas estão muito longe do typo statistico, de que nos fornecem modelos a França, a Inglaterra, e outras nações cultas dos nossos dias. Deixemos, porém, este ponto, que nos he agora estranho, e passemos a dar conta de outros reparos mais justificados.

Balbi deu preferencia aos authores não portuguezes, no que diz respeito á situação politica de Portugal nos primeiros seculos da monarquia.—Villela faz ver que será difficultoso encontrar em nação estranha escriptores tão ingenuos como Fernão Lopes, Gomes Eannes de Azurara, Affonso Cerveira, Rui de Pina, etc.

Balbi pretendeu que a lingua portugueza se fixou definitivamente no anno de 1495;-Villela combate esta asserção, e com grande vantagem. ¿Como póde asseverar-se que uma lingua se fixa definitivamente em um determinado anno? Como póde dizer-se que uma lingua está de todo fixada? O que he certo, he que a lingua portugueza floreceu grandemente, e chegou a um elevado grão de perfeição no seculo 16, e de então para cá tem tido varias alternativas.

No artigo Litteratu a he Balbi prodigo em espalhar elogios de profundidade e vastidão de conhecimentos, a muitos portuguezes do tempo da sua residencia em Portugal-e Villela citalhe, muito a proposito, o dito do Bispo de Viseu: Os louvores da ingenuidade, que concede todavia excepções, honrão mais do que os gabos que mostrão por exaggerados, ou o cego enthusiasmo, ou a pouca intelligencia de quem os dá.

Acerca das preciosas Biblias do mosteiro de Belem, que hoje estão na Torre do Tombo, diz Balbi: «On y trouve une superbe Bible manuscripte, dont le pape Jules II fit présent au roi Emmanuel, en reconnaissance du premier or des Indes que ce monarque lui avait envoyé. Ce manuscript, dont les miniatures qui l'embellissent passaient dans l'opinion des connaisseurs portugais pour être de Jules Romain, ayant été examiné par les plus habiles peintres de l'Institut de France, a été reconnu appartenir à un siècle antérieur à celui de Raphael, et même à celui de Pietro Perugino. »

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