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Ao Concilio Pisano (em Pisa no anno de 1409, por occasião do Scisma que durava na Igreja desde 1378) mandou o Senhor D. João 1 por Embaixadores e Procuradores o Arcebispo de Lisboa, e o Bispo de Lamego; e por Theologos o Mestre Lourenço, Provincial da Ordem de Santo Agostinho, e outro Mestre da Ordem dos Menores, que era seu Confessor.

Ao Concilio de Constança (1414 a 1418-sob João XXIII e Martinho v) mandou o Senhor D. João 1 por Embaixadores um Cavalleiro, e um Arcediago; em 1416 mandou dois Fidalgos da sua Côrte D. Fernando de Castro, e D. Alvaro Gonsalves de Attaide, e dois Doutores em Leis, Gil Martins, e Vasco Peres.

Assistírão tambem a este Concilio o Arcebispo de Lisboa D. João Affonso de Azambuja, e Gil Peres, Conego de Coimbra, como Procurador dos Bispos de Coimbra e de Vizeu.

No Concilio de Basiléa (1431-e continuado legitimamente até mais de 1437-sob Eugenio IV) assistírão: D. Luiz do Amaral, Bispo de Vizeu; D. Antão Martins de Chaves, Bispo do Porto; o Deão de Braga; o Senhor D. Affonso, Conde de Ourem, neto d'El Rei D. João 1, e sobrinho d'ElRei D. Duarte; Vasco Fernandes de Lucena, Doutor em Leis; Diogo Affonso Mangaancha, Doutor em ambos os Direitos; Fr. João de S. Thomé, Mestre em Theologia da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho; Fr. Gil Lobo, Mestre em Theologia da Ordem de S. Francisco.

Ao Concilio de Florença (começado em Ferrara em 1437, em Flcrença no de 1439, e acabado em Roma no de 1442-sob Eugenio IV) concorreu o Bispo do Porto D. Antão Martins de Chaves. Foi este Bispo quem fundou no anno de 1440 em Roma o Hospital de Santo Antonio dos Portuguezes.

Concilio Lateranense 5.°-Principiado sob Julio II no anno de 1512, e acabado sob Leão x no de 1518.

Na Sessão 9.o, celebrada a 5 de Maio de 1515, apparecem

mencionados Tristão da Cunha, Diogo Pacheco e João de Faria como Illustrissimi Domini Regis Portugalliæ Oratores. São estes os tres Portuguezes que ElRei D. Manoel mandára em 1513 a Roma, para entregarem ao Papa Leão x o grandioso presente do elefante e do Pontifical, que foi avaliado em um milhão.

Mais tarde foi como Embaixador ao Concilio D. Miguel da Silva.

Concilio Tridentino, 1545 a 1563, sendo Summos Pontifices Paulo III, Julio e Pio IV.

Em tempo da primeira abertura assistírão ao Concilio tres grandes Theologos da Ordem de S. Domingos: Fr. Jeronymo da Azambuja ou Oleastro, Fr. Jorge de Santiago, e Fr. Gaspar dos Reis. Assistiu tambem na primeira abertura o Bispo do Porto D. Fr. Balthesar Limpo. (Foi este Bispo quem conseguiu, á força de instancias, que Paulo III expedisse a Bulla Meditatio cordis nostri, em que o Tribunal do Santo Officio foi restabelecido em Portugal, na fórma e extensão que D. João III queria de ha muito.)

Na segunda abertura forão mandados ao Concilio, como Embaixadores de D. João 111, Diogo da Silva; Diogo de Gouvéa, Doutor Theologo; João Paes, Doutor em ambos os Direitos; Diogo Mendes de Vasconcellos, Doutor em Canones.

Concorrerão tambem D. João de Mello, Bispo de Silves, e D. Estevão de Almeida, que tinha a sua Diocese em Castella. Na terceira e ultima abertura (sob Pio IV), reinando já ElRei D. Sebastião, concorrerão os seguintes:

O Embaixador D. Fernando Martins Mascarenhas; o Arcebispo de Braga, D. Fr. Bartholomeu dos Martyres; o Bispo de Coimbra, D. Fr. João Soares; o Bispo de Leiria, D. Fr. Gaspar do Casal.

Os Bispos de Vizeu, de Silves, e de Ceuta mandárão Procuradores.

Assistiu pessoalmente o Presbytro secular D. Jorge de Attaide, que depois foi Bispo de Vizeu.

Assistírão tambem, mandados por ElRei, o Doutor em Canones, Belchior Cornejo; o Doutor em Theologia Diogo de Paiva de Andrade; o Mestre Fr. Francisco Foreiro da Ordem dos Prégadores.

E finalmente Fr. Henrique de S. Jeronymo, como Theologo do Arcebispo de Braga; Antonio Leitão, do de Coimbra; Fr.

Pedro de Villa Viçosa, do de Leiria; Fr. Luiz de Sottomaior; Fr. Antonio de Padua; e Theotonio Moniz.

Em a nota final dá Antonio Pereira de Figueiredo, noticia de tres Theologos Portuguezes, que assistírão no Concilio Romano, presidido por Benedicto XIII, em 1725, e são: Fr. José d'Evora, Franciscano Observante, que depois foi Bispo do Porto; Fr. Antonio de Santa Clara, Agostinho Descalço; e Fr. Ignacio d'Oliveira, Carmelita Calçado.

-NOTICIAS CHRONOLOGICAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA pelo Beneficiado Francisco Leitão Ferreira. Lisboa. 1729.

Não houve em Portugal Escholas Publicas, em fórma de Universidade, até ao tempo em que reinou D. Affonso 111.-No anno de 1290 foi fundada a Universidade de Lisboa, ex vi, e nos termos da Bulla de Nicoláo v.-No anno de 1308 foi mudada a Universidade de Lisboa para Coimbra, sendo este o 19.o da sua fundação, e o 30.o do reinado de D. Diniz.-Em 1338 foi restituida á Cidade de Lisboa, onde esteve até ao ultimo de Março de 1537, 16.o do reinado de D. João 111, sendo então definitivamente transferida para Coimbra.

O author discute todos os pontos chronologicos; dá noticia, e faz o juizo critico de todos os documentos relativos ao assumpto de que trata; menciona os Reitores, Vice-Reitores, e Lentes; indica a parte que tomárão os nossos Reis e os Pontifices nas causas da Universidade; dá conta das Provisões e Estatutos da mesma; e no Corpo da Obra aproveita as occasiões que se lhe offerecem de commemorar e julgar muitos dos nossos Escriptores.

Confessa o author que o «maior soccorro, de que n'esta com«posição se valeu, foi o trabalho que communicou á Real Aca«demia de Historia Francisco Carneiro de Figueiróa, Reitor e «Reformador da Universidade de Coimbra; o qual resumiu a «um Compendio de Informações e de Cathalogos, igualmente «exacto que erudito, tudo o que podia contribuir com certeza a «este assumpto >>

Mencionamos esta ultima circumstancia, para recommendar os trabalhos de Figueirôa.

Veja-se, a respeito de Francisco Leitão Ferreira, o Ensaio sobre a Hist. Litt. do Sr. Francisco Freire de Carvalho, pag. 231.

Em quanto á Universidade de Coimbra, veja-se o Compendio Historico, e o que adiante dizemos no Capitulo IV do presente Titulo.

As Noticias Chronologicas são uma copiosa fonte de apontamentos para a Hist. Litt., e um livro de grande instrucção.

HISTORIA GENEALOGICA DA CASA REAL PORTUGUEZA-por D. Antonio Caetano de Sousa.

PROVAS-Idem.-Lisboa. 1735 a 1743.

Esta Obra (verdadeiramente monumental), que, pelo seu titulo, parece ser consagrada exclusivamente á Casa Real Portugueza, he todavia uma historia geral d'este Reino, pois que nas suas vastas dimensões abrange variadissimos assumptos, que naturalmente estão, nem podião deixar de estar, enlaçados com a genealogia e acções da Familia Real Portugueza, desde a origem da Monarchia.

Não obstante o caracter essencialmente historico d'esta Obra, julgamos indispensavel menciona-la: 1.o porque no Apparato que a precede vem uma resenha biographica de Authores Portuguezes (em numero de 229), alguns dos quaes só escreverão livros genealogicos, mas uma grande parte se illustrárão por outros escriptos; 2.° porque no corpo da Obra, e nas Provas se encontrão noticias e documentos de reconhecido interesse para a Hist. Litt.

-BIBLIOTHECA HISPANA-Vetus. 1778. 2 vol.-Nova. 1783. 2.a edição, 2 vol. (Madrid)—por D. Nicoláo Antonio.

Ha uma singularidade notavel a respeito d'esta importante Obra. O Author publicou a Kibliotheca Nova, 2.a parte da Obra, em Roma, no anno de 1672; ao passo que a Bibliotheca Vetus, 1.a parte da Obra, só foi impressa muito depois da sua morte, dando esta circumstancia logar a que se levantassem questões ácerca da authenticidade d'esta ultima.

A Obra de Nicoláo Antonio, he incontestavelmente um rico thesouro de Hist. Litt. para a Hespanha e Portugal, no que respeita ao periodo que decorre até aos fins do seculo XVII; e a esse thesouro hão recorrido muitos dos nossos Escriptores, e sempre com proveito.

Para que o Leitor, a quem não seja conhecida esta Obra, possa desde aqui fazer idéa d'ella, transcreveremos um breve artigo da Bibl. Hisp. Nova, vol. 1.o, pag. 421:

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«D. Franciscus Emmanuel de Mello, Olisiponensis, nobili loco natus, eques Ordinis cui a Christo nomen, Conimbricæ olim data studiis liberalibus humanis que omnibus disciplinis sedula opera, Martem Palladi succedere fecit in Belgium se transferens, ubi militiæ aliquot impensis annis creari tandem meruit legionis tribunus. Abripuit inde eum turbo patriæ rebellionis, et in Lusitaniam reversus non diu post, nescio cujus criminis suspicionem purgaturus, post plures carceris annos, inter spem et metum transactos, in Brasilia Occidentalium Indorum peregrinari aliquot aliis fuit constrictus. Nec tandem restitutus propitiam adhuc potuit adipisci eorum voluntatem qui reipublicæ tunc insidebant, quare aggregatus Catharina Brigantinæ, Caroli Angliæ Regis II destinatæ sponsæ, ingenii et urbanitatis dotibus insinuavit se in Reginæ gratiam, cujus, sive alia negotia gesturus, anno 1654. Romam accessit: qua in urbe, edidit ex multiplicis doctrinæ variæque litteraturæ operibus sacris, profanis, prosaicis, metricis, elegantissimis et ingeniosissimis primum volumen, hoc titulo et partibus: (Aqui começa a dar uma noticia das Obras de D. Francisco Manoel de Mello, a qual omittimos por ser menos completa). Sed virum longiore vita dignum abripuit mors Olisipone 13 die Octob. 1666.»

Transcrevemos este artigo, unicamente para dar a alguns dos nossos Leitores uma tal ou qual idea do teor da Bibliotheca de Nicolão Antonio, e para os advertir praticamente de que tambem a Litteratura portugueza alli he representada.

Para supprir a deficiencia do mesmo artigo, consagrado como he á memoria de um dos mais distinctos escriptores de Portugal, he indispensavel recorrer á Bibliotheca Lusitana, e especialmente ao Panorama do anno de 1840, onde forão publicados dois excellentes artigos, biographicos e criticos, ácerca de D. Francisco Manoel de Mello, e são na verdade uma fonte abundante de apuradas noticias, ácerca de um homem tão celebre, e de um escriptor tão recommendavel.-Veja-se tambem Mémoires historiques, etc. do Cavalheiro d'Oliveir, tomo 2.o, pag. 343 a 352.

-ORIGEM E PROGRESSOS DAS LINGUAS ORIENTAES NA CONGREGAÇÃO DA TERCEIRA ORDEM DE PORTUGAL -por Fr. Vicente Salgado, Chronista da mesma Congregação. Lisboa. 1790.

O Author deduz as noticias desde o principio do seculo xv até ao anno de 1750, em que os estudos das Linguas Orientaes

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