res Authores, com a exposição doutrinal do merecimento de suas obras, differentes edições d'estas, e questões de critica respectivas. Uma excepção estabeleceremos ao artigo antecedente, mencionando aqui uma obra estrangeira, relativa ao nosso Camões, e vem a ser: MEMOIRS OF THE LIFE AND WRITINGS OF LUIS DE CAMOENS-By John Adamson, F. S. A.-2 vol. London 1820. Este bello trabalho de um Estrangeiro muito amante do nosso immortal Epico, que o Sr. Garrett caracterisa como um dos mais dignos monumentos que ao nosso Poeta se têem levantado (sendo os outros dous a Edição do Morgado de Matteus, e a Memoria do Bispo de Viseu); este bello trabalho, dizemos, he um perfeito modelo de uma historia especial da Litteratura. Contém as Memorias do Sr. Adamson uma noticia biographica de Camões, engenhosamente traçada segundo os diversos escriptos do Poeta, de sorte que he o grande cantor das nossas glorias que tece a sua propria biographia (it has been endeavoured to make the poet as much as possible his own biographer).—Depois da Biographia vem uma lista de todas as producções de Camões; um Catalogo das Traducções dos Lusiadas, com algumas noticias relativas aos Traductores; uma relação das differentes Edições das varias obras de Camões, o mais apurada que o Sr. Adamson pôde formar; e uma analyse dos Lusiadas. Teremos occasião de voltar a fallar desta obra, quando tratarmos da Critica Litteraría, na qual consagraremos um Capitulo especial ao nosso immortal Epico. Se houveramos aqui de mencionar os authores estrangeiros que têem escripto ácerca de Camões, e dos Lusiadas, encheriamos longas paginas. Só Millié, na sua traducção franceza dos Lusiadas, apresenta uma longa resenha dos escriptos francezes, relativos áquelle assumpto, de Rapin, Adrien Baillet, Voltaire, La Harpe, L'Abbé Delille, M.me de Stael, Lemercier, Gilibert de Merlhiac, Parseval-Grandmaison, Montesquieu. Aproveitaremos esta occasião para declarar que no segundo volume desta Obra daremos noticia de alguns escriptos estrangeiros, que tratão da nossa Litteratura, taes como os de Bouterwerk, Sismondi, etc. etc. -Devêramos aqui fazer honrosa menção dos Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras, publicados em París por uma Sociedade de Portuguezes, nos annos de 1818 a 1820.-Mas deixamos de o fazer assim, porque tencionamos occupar-nos dessa importante publicação, quando tratarmos da Critica Litteraria, recommendando especialmente alguns artigos que ali encontrámos de subido merecimento. São tambem muito recommendaveis subsidios para a Historia Litteraria as biographias que, por vezes, se encontrão á frente das Edições dos nossos Escriptores, maiormente quando os Editores são de reconhecida illustração litteraria. Assim, por exemplo, são de subido preço as noticias biographicas, que nos dão os Editores das Obras de Gil Vicente e Camões (edição de Hamburgo); os Srs. Castilhos, Antonio e José, nos Excerptos das obras de Manoel Bernardes, de Fernão Mendes Pinto, e de Bocage; o Morgado de Matteus na monumental edição dos Lusiadas; na novissima edição das Obras de Bocage o Sr. Rebello da Silva; os academicos e editores dos Livros ineditos da Historia Portugueza; etc. etc. De todas essas edições, porém, e de outras, que tenhão á frente notaveis trabalhos biographicos e criticos, nos occuparemos quando tratarmos da Critica Litteraria. São igualmente muito interessantes subsidios para a Historia da Litteratura Portugueza os Elogios, assim academicos, como funebres, que se lêem na Collecção dos Documentos e Memorias da Academia Real da Historia Portugueza, e na Historia da mesma Academia pelo Marquez de Alegréte. (Neste Capitulo mencionarei, quando tratar dos subsidios bibliographicos, o erudito Prologo desta ultima obra.) Indicaremos aqui alguns Authores Portuguezes, em cujas obras se encontrão accidentalmente noticias para a Historia Litteraria de Portugal. P. Antonio Carvalho da Costa. Chorographia Portugueza, e Descripção de Portugal, etc. 1706. 1712. P. Antonio Cordeyro. Historia Insulana. 1717. Fornece nos Capp. 21 e 43 algumas noticias litterarias. P. Ignacio da Piedade e Vasconcellos. Historia de Santa rem edificada. 1740. Na parte em que trata das vidas de pessoas, dignas de memoria em Lettras, naturaes de Santarem D. Rodrigo da Cunha. Catalogo dos Bispos do Porto. 1623. Hist. Eccles. de Braga... 1634. 1635. Hist. Eccles. da Igreja de Lisboa. 1642.-A 2.a Parte está inedita. Manoel Gomes Bezerra. Os estrangeiros no Lima, etc. 1785. 1791. P. Antonio de Macedo. Lusitania Infulata et Purpurata, seu Pontificibus et Cardinalibus illustrata. Paris. 1663. 1673. Francisco Soares Toscano. Parallelos de Principes, Va roens illustres antigos, a que muitos da nossa nação portugueza se asemelhárão em suas obras, ditos, e feitos: etc. acrescentados por Miguel Lopes Ferreira. Lisboa 1733. Encontrão-se nesta obra alguns paralélos entre escriptores portuguezes e os da antiguidade; assim, por exemplo, entre Sá de Miranda e Antimacho; entre o Bispo D. Jeronimo Osorio e Tito Livio; entre o Padre Antonio Vieira e Cicero; entre Manoel de Faria e Sousa e Marco Varrão; etc. São curiosos esses paralélos, e por isso os indicaremos, muito resumidamente, para que desde já formem d'elles alguma idéa os leitores que não tiverem ainda lido a obra de Toscano. O poeta grego Antimacho amou extremosamente sua mulher, e sentio com profunda magoa a sua morte, compondo por essa occasião uma Elegía, na qual desaffogava a sua saudade.Sá de Miranda não amou com menor extremo sua mulher D. Briolanja d'Azevedo, com quanto já velha e pouco formosa. Quando perdeu a sua consorte, compoz um sentido soneto, e diz-se que não mais tornára a fazer versos, nem por muito tempo sobrevivêra á companheira querida. Tito Livio grangeou uma brilhante reputação de escriptor talentoso e eloquente, depois que compoz as Decadas; e tanto ao longe soou a sua fama, que das Gallias e das Hespanhas forão alguns á Italia para o verem e admirarem.—Ao nosso preclarissimo D. Jeronimo Osorio succedeu outro tanto em tempo de D. João 3.o e D. Sebastião, e maiormente depois que deu á luz os livros da Justiça Celestial. Recebeu lisongeiras cartas de agradecimento e louvor, e visitas de Inglezes e Allemães, e como o vião, fazião volta para suas terras. Cicero foi o maior orador entre os Romanos; tomou grande parte nos negocios politicos da sua patria, á qual prestou relevantes serviços; soffreu desterros, e morreu longe de Roma. As suas obras immortaes são ainda hoje um thesouro da lingua latina, e um modelo de eloquencia.-O Padre Vieira contribuio com a voz e com a penna para a felicidade da sua patria; lidou em negociações politicas; soffreu contrariedades mil e desterros, e morreu fóra do seio da terra de Portugal. As suas obras são ainda hoje, e serão sempre, um documento precioso da elegancia, da valentia e dos mais sublimes dotes da lingua portugueza. Marco Varrão foi, na sciencia, um dos maiores homens entre os Romanos, parecendo incrivel o numero de volumes, e a variedade de materias sobre que escreveu.-Manoel de Faria e Sousa compoz um grande numero de obras de varia litteratura e de Historia. Terei occasião de mencionar a obra de Toscano, quando no 2.° volume deste meu trabalho fallar das Obras de Gil Vicente, com referencia á Critica Litteraria. -NOVA HISTORIA DA MILITAR ORDEM DE MALTA, E DOS SENHORES GRÃO-PRIORES DELLA, EM PORTUGAL.....-por José Anastacio de Figueiredo. Lisboa 1800. Não obstante a natureza especial do assumpto desta obra de José Anastacio de Figueiredo, mencionamo-la pela circumstancia de fornecer noticias sobre os documentos da Torre do Tombo, sobre a lingua portugueża antiga, e sobre algumas particularidades interessantes em quanto ás nossas Chronicas. No discurso que endereça ao Publico, no principio da sua obra, diz o Author: «Não ha cousa mais difficultosa a emprehender, e desempenhar nestes dias, que a composição de huma Historia; ella pede mão original, e não ha trabalho mais util, até por comprehensivo de tão variadas, e diversas Especies. Com tudo eu me aventurei a emprehender a presente na qual comprehendo juntamente em cada um dos Reinados, nos logares e annos respectivos, a historia e extracto das Inquirições antigas; com tudo quanto me pareceo mais raro, novo, e exacto sobre a historia particular das Ordens do Templo, Sepulchro, e de Santo Antão, ou tambem das Benidictinas em Portugal: e faço por aproveitar tudo quanto, pelos mesmos principios, poderia interessar-te geralmente sobre a Historia, Jurisprudencia, e Linguas antigas deste Reino. »= -DISSERTAÇÕES CHRONOLOGICAS E CRITICAS SOBRE A HISTORIA E JURISPRUDENCIA ECCLESIASTICA E CIVIL DE PORTUGAL.....por João Pedro Ribeiro. Lisboa 1810. O sabio João Pedro Ribeiro, tendo conhecido por experiencia os inconvenientes que, para a nossa Historia e Direito, resultavão da existencia de documentos falsos, que no fim do seculo 16.o e principio do 17.° forão fabricados na Hespanha e em Portugal, deu-se ao trabalho de ordenar algumas dissertações sobre diversos artigos historicos e juridicos, tendentes a restabelecer a verdade dos factos, e a lançar luz nos campos da nossa historia, jurisprudencia, e litteratura. Já n'este 1.o tomo da nossa obra aproveitamos as sabias investigações de João Pedro Ribeiro, recorrendo á doutrina da sua Dissertação 5.a, sobre o Idioma, Estilo, e Orthographia dos nossos Documentos, e Monumentos; e neste mesmo Capitulo mencionamos especialmente uma Dissertação sobre os trabalhos Diplomaticos em Portugal. Para a Historia Litteraria de Portugal encontrão-se nas Dissertações subsidios muito seguros, e documentos interessantes. -PASCHALIS Josephi Mellii FREIRII........... HISTORIA JURIS CIVILIS LUSITANI LIBER SINGULARIS, jussu Acad. Regiæ Scientiarum in lucem editus.-Lisb. 1800. 3.a ediç. feita sob a direcção de Francisco Freire da Silva Mello. Nesta obra, que o insigne Paschoal José de Mello consagrou á historia do Direito Civil Portuguez, encontrão-se no Capitulo 12 alguns subsidios para a Historia Litteraria de Portugal. Neste Capitulo apresenta o sabio author um catalogo dos Jurisconsultos Portuguezes, que escreverão sobre a Legislação Patria, ou sobre o Direito Romano, e especialmente daquelles que no foro se tornárão mais célebres, tratando separadamente dos Theoricos e dos Praticos.-Se á historia da Litteratura, em especial, não he essencial ter conhecimento dos Jurisconsultos, he toda |