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intenções que o guiárão, e qual o fim a que se propoz na composição desta obra. «Estando eu, e alguns amigos certificados, pela propria experiencia, de que a falta de noticia de Escriptores, que tratem da Historia de Portugal, concorre em grande parte para a ignorancia desta, e para o atrazamento do seu conhecimento; afim de occorrer áquella, e precaver este, me deliberei a pôr a ultima mão á presente Bibliotheca Historica, etc.>>

Em 1801 publicou uma nova edição, mais enriquecida de noticias, e mais apurada. He esta a que temos á vista.

Na Bibliotheca Historica são mencionados os Escriptores, assim nacionaes, como estrangeiros, que escreverão em prosa ou em verso, a historia geral de Portugal, ou a particular de algum Rei, Principe, e Varão illustre; ou a de algum facto ou Estabelecimento especiaes; ou a de alguma Possessão, Cidade, ou Villa: quer as obras tenhão sido impressas, quer tenhão ficado mss.

Pelo Indice dos Authores, formado por ordem alphabetica, que vem no fim da Obra, he facil a cada um procurar, no corpo da mesma, a que lhe convier. Assim, por exemplo, quer o leitor saber o que escreveu sobre Historia João Pinto Ribeiro;-buscano Indice este nome, e pela indicação do n.o 291 vai encontrar a seguinte noticia: João Pinio Ribeiro, natural de Lisboa, bem conhecido pela grande parte que teve na acclamação do Senhor D. João V, de quem era Agente, foi Desembargador do Paço, e Guarda Mór da Torre do Tombo, escreveo: Injustas successões dos Reis de Castella, e de Leão, e Isenções de Portugal. Lisboa 1646. 4.°-E á margem: Morreu em 1649.-Manda ver o n.o 370, e n'este ha a seguinte noticia: João Pinto Ribeiro escreveo: Usurpação, Retenção, e Restauração de Portugal. Lisboa 1642. 4. Corre traduzida em italiano. Lisboa 1646.4.°

Figurando-se a hypothese de querer o leitor saber quem escreveu sobre tal ou tal assumpto historico, recorre ao segundo Indice, e ali encontra o numero remissivo, que o encaminha ao logar competente da Obra; se não preferir buscar em cada uma das quatro divisões da Bibliotheca o que particularmente lhe interessar.

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... Em alguns dos artigos dá Pinto de Sousa bastantes noticias biographicas dos authores, mas muito poucas de Critica Litteraria; as Obras são citadas com exactidão, e não he raro que se aponte a diversidade de opiniões sobre quem seja o verdadeiro author daquellas.

Consideramos a Bibliotheca Historica-como uma fonte de

noticias para a Bibliographia portugueza, e della se tem aproveitado mais de um escriptor dos nossos tempos, com quanto não possa dar-se-lhe, em quanto a asserções biographicas, todo o gráo de authenticidade que uma tal obra demandaria.

APONTAMENTOS PARA O ELOGIO HISTORICO DO ILL.NO E EX." SR. FRANCISCO MANOEL TRIGOSO D'ARAGÃO MORATO.............. colligidos pelo Conde de Lavradio. Lisboa 1840.

MO

Este trabalho biographico, não obstante o modesto titulo de Apontamentos, encerra o cabal elogio historico de Trigoso, e subministra elementos para a justa apreciação do merecimento de um tão grande homem. O Sr. Conde de Lavradio, acompanhando a vida de Trigoso desde os primeiros tempos da existencia até a morte, procurou fazer conhecido o seu protagonista debaixo de todos os aspectos, concluindo, e com justificada razão, por asseverar que foi Trigoso um dos mais distinctos sobios da Nação, um dos mais eloquentes Oradores do nosso Parlamento, homem d'Estado, tão probo como esclarecido, e um dos mais virtuosos cidadãos dos nossos tempos.

No fim dos Apontamentos inserio o sr. Conde de Lavradio o catalogo dos trabalhos litterarios de Trigoso, tanto dos que forão publicados em vida do author, como dos que ficarão mss.

Grande serviço prestou o Sr. Conde de Lavradio á Historia Litteraria de Portugal, ao mesmo passo que pagou um sentido tributo de admiração e de louvor á memoria do varão illustre, a quem os contemporaneos nem sempre fizérão justiça, nem a patria galardóou como o merecia um dos seus melhores filhos.

MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL, QUE COMPREHENDEM O GOVERNO D'ELREY D. João V. DO ANNo de 1383, ATÉ O ANNO DE 1433.-Escriptas pelo Academico Joseph Soares da Sylva. Lisboa 1730.

No Prologo, dando conta dos livros que consultou para a composição das Memorias, traz um extenso catalogo de obras interessantes, nacionaes e estrangeiras, o qual he um excellente subsidio para a Historia Litteraria de Portugal, pelas noticias bibliographicas, e biographicas de summa importancia que nos offerece.

Aponta primeiramente as differentes Chronicas de Rui de Pina, Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurára, e demora-se em averiguar com todo o escrupulo a authenticidade dos escriptos des

ses Chronistas, dando a cada um delles a importancia que diversamente lhe he devida.

Passa depois a mencionar outros authores e obras que consultou, sendo na verdade muito crescido o numero de livros que leu, afora muitos manuscriptos que pôde obter, e dos quaes se aproveitou para compôr as suas Memorias.

He assim que, tendo examinado todas as Chronicas, impressas e manuscriptas, relativas ao periodo que pretendia historiar, faz uma resenha de diversas obras que leu, e entre ellas indicaremos as seguintes:

VIDA E ACÇÕES D'ELREY D. JOÃO 1-por D. Fernando de
Menezes, Conde da Ericeira. Lisboa 1677.

EMPREZAS MILITARES DOS LUSITANOS-por Luiz Coelho de
Barbuda. Lisboa 1624.

CHRONICA D'ELREY D. MANOEL-por Damião de Goes.

De Damião de Goes diz o Author: «Foy elle homem de conhecida nobreza, e não menos conhecido em todo o genero de erudição, que soube adquirir primeiro, que pela lição dos livros, pela pratica dos negocios, em que foy tão versado, pela experiencia, e vista de todas as Cortes da Europa, que discorreo nos primeiros annos da sua adolescencia, e pelo trato, e communicação das pessoas mais doutas, que havia nellas, das quaes a docilidade do seu genio, junta com a efficacia da sua persuasão, soube attrahir, e conciliar em todas não só a inclinação, mas o agrado, não só a attenção, mas a amisade. »

DECADAS-de João de Barros. Principalmente a primeira da Asia, impressa em Lisboa por Jorge Rodrigues no anno de 1628. 2.a ed.

Foy João de Barros Thesoureiro, e Feitor da Casa da India, e Mina, e o mayor Escritor, a quem devemos a noticia daquellas famosas Conquistas do Oriente, tão incriveis, como admiraveis, que ainda nesta parte as fez crescer mais a sua penna, na pureza não sey se mais do estylo, ou da verdade.»

DE ANTIQUITATIBUS LUSITANIÆ-por André de Resende.
Evora 1593.

«Foy André de Resende o mais curioso indagador das Antiguidades da nação portugueza, e o de mayor noticia, tendo-a

igual em todo o genero de erudição, e doutrina, em que foi eminente, e justamente louvado de todos os Escritores.»>

N. B. Ainda que José Soares da Silva cite a edição de 1593, convem observar que he preferivel a de 1790, impressa em Coimbra, não só na correcção, mas principalmente porque contém muitas mais cousas que a primeira. Com referencia á Historia Litteraria, cumpre-nos advertir que ali se encontra um escripto, que muito faz ao nosso proposito, qual he a Vida de André de Resende por Diogo Mendes de Vasconcellos, em latim. Outro-sim se encontrão ali algumas cartas escriptas por André de Resende a diversos sabios ácerca de antiguidades.

NOTICIAS DE PORTUGAL por Manoel Severim de Faria.
Começou a imprimir as suas composições em 1625.-
As Noticias de Portugal sahírão impressas em Lisboa no
anno de 1655.

«Author erudito, investigador das Antiguidades e noticias
deste Reyno.>>

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VARIAS ANTIGUIDADES DE PORTUGAL-por Gaspar Estaço.
Lisboa 1625.

« Com ́a sua grande curiosidade deu a conhecer ao mundo as muitas dignas de attenção e lembrança, de que este Reyno está cheio.>>

AGIOLOGIO LUSITANO-pelo Licenciado Jorge Cardoso.

Lisboa 1652. 2.° tomo em 1657; 3.° tomo em 1666.

HISTORIA DE S. DOMINGOS-por Fr. Luiz de Sousa. 1.o Tomo impr. em Lisboa no anno de 1623, 2.o 1662, 3.o 1677.

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«Foi Fr. Luiz de Sousa, que no seculo se chamava Manoel de Sousa Coutinho, Author tão famigerado, e benemerito não só da sua Religião, mas de Portugal todo, como testemunhão os seus Escritos, e sente o Padre Antonio Vieira, na approvação que lhe fez a este terceiro tomo, sendo digno Censor de huma tal Obra, que um Escritor tão celebre não pedia Censor menos qualificado.»

CATALOGO, E HISTORIA DOS BISPOS DO PORTO-por D. Rodrigo da Cunha. Porto 1623.

PRIMEIRA PARTE DA HISTORIA ECCLESIASTICA DOS ARCEBISPOS DE BRAGA-por D. Rodrigo da Cunha. Porto. 1634.-2.a Parte. Porto 1635.

HISTORIA ECCLESIASTICA DA IGREJA DE LISBOA-pelo mesmo author das duas obras antecedentes. Lisboa 1642.

«D. Rodrigo da Cunha foi meritissimo Prelado do Porto, de Braga e de Lisboa, cujas Diocéses illustrou com o seu governo e Escritos.>>

CHRONICAS DOS REYS D. João o 1.", D. DUARTE, E D. AF

FONSO 5. Tiradas á luz por ordem do Arcebispo D.
Rodrigo da Cunha.- São obra de Duarte Nunes de Leão.
Lisboa. 1643.

CHRONICA DOS REYS DE PORTUGAL-reformada pelo Li-
cenciado Duarte Nunes de Leão. 1.a edição, Lisboa 1600.
2. 1677.

<< Duarte Nunes de Leão foi Desembargador da Casa da Supplicação, e Author de não menos doutrina, que jurisprudencia.»>

PRIMEIRA PARTE DA CHRONICA DE CISTER-por Fr. Bernardo de Brito. Lisboa 1602.

MONARCHIA LUSITANA-por Fr. Bernardo de Brito. Primeira Parte impr. no Mosteiro de Alcobaça no anno de 1597. 2.a Parte impr. no mesmo Mosteiro em 1609. «Fr. Bernardo de Brito... sogeito de tão nova investigação, que em muita parte deixou inverosimeis os seus Escritos, aos quaes deve comtudo importantes noticias esta Monarchia.»>

TERCEIRA PARTE DA MONARCHIA LUSITANA-por Fr. Antonio Brandão. Lisboa 1632. 4.a Parte no mesmo anno. -5.a e 6.a Partes—compostas por Fr. Francisco Brandão. Parte 7.a por Fr. Rafael de Jesus.-Parte 8.a por Fr. Manoel dos Santos.

«Fr. Antonio Brandão, Abbade do Convento de N. Senhora do Desterro de Lisboa, da Ordem de S. Bernardo, e Chronista mór de Portugal: Author ingenuo, da mayor indagação, e verdade.»

ALCOBAÇA ILLUSTRADA-por Fr. Manoel dos Santos. Coimbra 1710.

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