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Em quanto á Universidade de Coimbra, veja-se o Compendio Historico, e o que adiante dizemos no Capitulo IV do presente Titulo.

As Noticias Chronologicas são uma copiosa fonte de apontamentos para a Hist. Litt., e um livro de grande instrucção.

-HISTORIA GENEALOGICA DA CASA REAL PORTUGUEZA-por D. Antonio Caetano de Sousa.

PROVAS-Idem.-Lisboa. 1735 a 1743.

Esta Obra (verdadeiramente monumental), que, pelo seu titulo, parece ser consagrada exclusivamente á Casa Real Portugueza, he todavia uma historia geral d'este Reino, pois que nas suas vastas dimensões abrange variadissimos assumptos, que naturalmente estão, nem podião deixar de estar, enlaçados com a genealogia e acções da Familia Real Portugueza, desde a origem da Monarchia.

Não obstante o caracter essencialmente historico d'esta Obra, julgamos indispensavel menciona-la: 1.° porque no Apparato que a precede vem uma resenha biographica de Authores Portuguezes (em numero de 229), alguns dos quaes só escreverão livros genealogicos, mas uma grande parte se illustrárão por outros escriptos; 2.° porque no corpo da Obra, e nas Provas se encontrão noticias e documentos de reconhecido interesse para a Hist. Litt.

-BIBLIOTHECA HISPANA-Vetus. 1778. 2 vol.-Nova. 1783. 2.a edição, 2 vol. (Madrid)—por D. Nicoláo Antonio.

Ha uma singularidade notavel a respeito d'esta importante Obra. O Author publicou a Bibliotheca Nova, 2.a parte da Obra, em Roma, no anno de 1672; ao passo que a Bibliotheca Vetus, 1.a parte da Obra, só foi impressa muito depois da sua morte, dando esta circumstancia logar a que se levantassem questões ácerca da authenticidade d'esta ultima.

A Obra de Nicoláo Antonio, he incontestavelmente um rico thesouro de Hist. Litt. para a Hespanha e Portugal, no que respeita ao periodo que decorre até aos fins do seculo xvi1; e a esse thesouro hão recorrido muitos dos nossos Escriptores, e sempre com proveito.

Para que o Leitor, a quem não seja conhecida esta Obra, possa desde aqui fazer idéa d'ella, transcreveremos um breve artigo da Bibl. Hisp. Nova, vol. 1.o, pag. 421:

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«D. Franciscus Emmanuel de Mello, Olisiponensis, nobili loco natus, eques Ordinis cui a Christo nomen, Conimbricæ olim data studiis liberalibus humanis que omnibus disciplinis sedula opera, Martem Palladi succedere fecit in Belgium se transferens, ubi militiæ aliquot impensis annis creari tandem meruit legionis tribunus. Abripuit inde eum turbo patriæ rebellionis, et in Lusitaniam reversus non diu post, nescio cujus criminis suspicionem purgaturus, post plures cárceris annos, inter spem et metum transactos, in Brasilia Occidentalium Indorum peregrinari aliquot aliis fuit constrictus. Nec tandem restitutus propitiam adhuc potuit adipisci eorum voluntatem qui reipublicæ tunc insidebant, quare aggregatus Catharina Brigantinæ, Caroli Angliæ Regis 11 destinatæ sponsæ, ingenii et urbanitatis dotibus insinuavit se in Reginæ gratiam, cujus, sive alia negotia gesturus, anno 1654. Romam accessit: qua in urbe, edidit ex multiplicis doctrinæ variæque litteraturæ operibus sacris, profanis, prosaicis, metricis, elegantissimis et ingeniosissimis primum volumen, hoc titulo et partibus: (Aqui começa a dar uma noticia das Obras de D. Francisco Manoel de Mello, a qual omittimos por ser menos completa). Sed virum longiore vita dignum abripuit mors Olisipone 13 die Octob. 1666.»

Transcrevemos este artigo, unicamente para dar a alguns dos nossos Leitores uma tal ou qual idêa do teor da Bibliotheca de Nicolao Antonio, e para os advertir praticamente de que tambem a Litteratura portugueza alli he representada.

Para supprir a deficiencia do mesmo artigo, consagrado como he á memoria de um dos mais distinctos escriptores de Portugal, he indispensavel recorrer á Bibliotheca Lusitana, e especialmente ao Panorama do anno de 1840, onde forão publicados dois excellentes artigos, biographicos e criticos, ácerca de D. Francisco Manoel de Mello, e são na verdade uma fonte abundante de apuradas noticias, ácerca de um homem tão celebre, e de um escriptor tão recommendavel.-Veja-se tambem Mémoires historiques, etc. do Cavalheiro d'Oliveir, tomo 2.o, pag. 343 a 352.

ORIGEM E PROGRESSOS DAS LINGUAS ORIENTAES NA CONGREGAÇÃO DA TERCEIRA ORDEM DE PORTUGAL -por Fr. Vicente Salgado, Chronista da mesma Congregação. Lisboa. 1790.

O Author deduz as noticias désde o principio do seculo xv até ao anno de 1750, em que os estudos das Linguas Orientaes

forão renovados; e ultimamente refere o que succedeu, n'este particular, desde 1750 até á epocha em que escreveu.

Logo nos primeiros tempos dos nossos descobrimentos maritimos, e successivamente até á epocha do nosso maior poder nas Conquistas, apparecem Religiosos da Congregação da Terceira Ordem de Portugal, e tambem de outras Ordens, que forão bons companheiros n'aquelles trabalhos, levando a palavra Evangelica á Africa, e á Asia, para o que, ou hião já munidos do conhecimento das Linguas Orientaes, ou se adestravão no manejo d'aquellas que especialmente se fallavão em determinadas regiões.

Nas Linguas Grega, Arabica, e Hebraica encontra o Author, logo no fim do seculo xv, alguns Religiosos que dérão mostras de grande applicação e proficiencia.

«Depois que de París se recolherão ao Reino, Pedro Henriques, e Gonçalo Alvares (diz o Author), sabios não sómente no Grego, mas tambem no Hebraico, e sendo nomeados por ElRei D. João III para a Reforma da Universidade de Coimbra em 1537, com o Doutor Fabricio, Mestre de Grego, o Doutor Roserto do Hebraico, Bachanano, Antonio Mendes, e outros muitos instruidos nas ditas Linguas Orientaes, fazião tanto progresso os nossos patriotas, assim Seculares, como Regulares, que o mesmo Clenardo, visitando aquella Universidade, se admirou, parecendo-lhe ter revivido outra Athenas.»

Menciona o Author os Religiosos da sua Congregação, que se aproveitárão dos exemplos e instrucção de tão sabios Mestres. O primeiro que se distinguiu n'esta epocha foi o Provincial Fr. Pedro do Espirito Santo, ao qual chamárão por antonomasia o Grego. O exemplo do Provincial despertou a curiosidade nos subditos, muitos dos quaes se distinguirão depois no estudo d'aquelle idioma. O mesmo Provincial se applicou tambem muito seriamente ao Hebraico.

«O Ajax de Sophocles do Dr. Fr. Angelo da Cruz, Procurador que foi d'esta Corporação em Roma, ainda se conserva sem cousa mais importante que os significados proprios das palavras, e raizes mais difficultosas, escriptas pela sua letra. »

No principio do seculo XVII distinguiu-se, como grande Helenista, Fr. Valentim Feo, que tambem foi Provincial d'esta Congregação.

Na Lingua Arabica foi instruido o Capellão Mór do Exercito, na infausta jornada de D. Sebastião, Fr. Bernardo da Cruz.

O Provincial Fr. Luiz de Figueiredo não só sabia o Arabico,

mas tambem o Hebraico: deixou um Commentario sobre as Epistolas de S. João, que abona os seus conhecimentos hebraicos.

Fr. Luiz de Figueiredo, Procurador Geral da Provincia em Valhadolid, tomou parte em controversias sobre textos hebraicos.

No seculo xvi houve notavel applicação ao Hebraico, distinguindo-se o Provincial Fr. Marcos da Trindade. Depois dos sabios Azambuja, Foreiro, Pinto, o Bispo Soares e outros, concorreu grandemente para sustentar este genero de erudição o famoso Bispo D. Jeronymo Osorio; mas depois de 1578 declinárão sensivelmente os estudos, e as boas lettras esmorecêrão.

Prosegue o author na colheita de noticias até ao anno de 1750, em que o grande Cenaculo vai assistir ao Capitulo Geral em Roma, presidido por Benedicto XIV.-Cenaculo, em voltando d'aquella digressão, apaixona-se pelo estudo das Linguas Orientaes, e consegue communicar o seu enthusiasmo a um grande numero de Religiosos da sua Congregação.

Em 1759 manda ElRei D. José abrir aulas publicas da Lingua Grega, e confia aos Prelados de algumas Òrdens Religiosas o cuidado de promoverem o estudo da Lingua Hebraica.

Por Alvará de 3 de Junho de 1769 he approvado um novo plano de Estudos para a Congregação da Terceira Ordem de Portugal.

Em 1770 sahem as Instituições para o Noviciado de Lisboa, feitas por Cenaculo. Não esquecem as Linguas Orientaes; Fr. João do Apocalypse ensina o Grego, e tornão-se notaveis n'essa disciplina Fr. Diogo de Santa Thereza, e Fr. Domingos de Santa Isabel. ·

Em 1768 tinha vindo a Lisboa Abrahão Ben Isai, o qual começou a ensinar o Hebraico e Chaldaico ao Mestre Fr. Elzeario Lobo, e o Arabico a Fr. João Baptista de Santa Thereza.

Distinguiu-se no Hebraico o Mestre Fr. Francisco da Paz. Por esses tempos veiu a Lisboa o Vigario Geral de Antiochia, D. José Maron, o qual fallava o Arabico e Syriaco, e muito adiantou a instrucção dos Religiosos.

Mais tarde veiu tambem a esta Capital o Maronita D. Paulo Hodar, muito habil e sabio nas Linguas Hebraica, Chaldaica, Syriaca e Arabica, o qual, graças igualmente ás diligencias do grande Cenaculo, foi aproveitado para o ensino d'aquelles idiomas.

A acceitação, para Religioso, do Padre Fr. João de Sousa, natural de Damasco, concorreu muito para o estudo do Arabico.

Na Congregação da Terceira Ordem foi o grande Cenaculo a alma e o desvelado promotor do ensino e progressos das Linguas Orientaes; tambem outras Congregações vierão beber n'aquella a instrucção; e habeis Mestres, e distinctos discipulos apparecêrão n'aquellas disciplinas.

Eis, muito em resumo, uma idéa do trabalho de Salgado. Ainda quando o erutido author, cujo methodo e estylo não podêmos aliàs inculcar para modêlo, não dissesse cousas muito valiosas sobre o estudo, ensino, e progressos das Linguas Orientaes em Portugal,―sería, assim mesmo, interessante o seu opusculo, pelas noticias biographico-litterarias que nos transmitte ácerca do grande Cenaculo.

Vej. os seguintes Escriptos:

COMPENDIO HISTORICO DA CONGREGAÇÃO DA TERceira
ORDEM-por Fr. Vicente Salgado. Lisboa. 1793.

No fim do Compendio vem um Cathalogo dos Prelados Maiores, que regêrão aquella Congregação até ao anno em que escreveu Salgado.

MEMORIAS HISTORICAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA-
por Francisco Leitão Ferreira—pag. 545.

CONCLUSÕES DA HISTORIA DA PHILOSOPHIA-Impressas em
Coimbra no anno de 1751. São de Cenaculo.

INSTRUCÇÕES PARA OS PROFESSORES DE GRAMMATICA LATINA,
GREGO, HEBRAICO, E RHETORICA-de 28 de Junho de
1759.

PLANO DE ESTUDOS DA PROVINCIA DE PORTUGAL-Lisboa. 1769.

Conclusões da Grammatica Hebraica, e AraBICA—Impressas em 1773.

ACADEMIA CELEBRADA PELOS RELIGIOSOS DA ORDEM TER-
CEIRA DE S. FRANCISCO DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA
De Jesus de LISBOA, NO DIA DA solemne inaugURAÇÃO
DA ESTATUA EQUESTRE DE ELREI D. JOSÉ 1.-Lisboa.

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