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em conta livros da primeira raridade, e grande copia de manuscriptos singulares, e de grande preço; tudo acquisições suas, á excepção de dous mil tomos que achou no Palacio da sua Metropoli, deixados pelo seu antecessor.»-«Uma collecção de muitas pinturas insignes por seus authores, e desempenho da arte; sendo muitas de grande estimação, naturaes e artificiaes. » — <«< Huma numerosa e rica Collecção de medalhas de todos os metaes, Romanas, Portuguezas, e de outras Nações; a qual seria mais copiosa, se não houvesse sido em grande parte roubada pelo exercito inimigo na invasão d'Evora.»-«Hum Cartorio, instituido com dependencia da Bibliotheca, para guarda segura dos documentos e memorias pertencentes á Mitra. » -(Trigoso.)

Afóra tudo isto, brindou alguns Conventos, pessoas particulares, e a sua familia, com ricos presentes de livros e raridades. Vej. sobre este artigo:

Memorias historicas dos progressos, e restabelecimento das Letras na Ordem Terceira.

Elogios Historicos dos Arcebispos e Bispos, professos na Ordem Terceira. Salgado.

Elogio Historico... de Cenaculo -por Trigoso.

Eis as noticias que Adriano Balbi dava, no seu Essai Statistique, sobre o numero de volumes, que as principaes Bibliothecas de Portugal tinhão no anno de 1822:

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A Descripção Geral de Lisboa, publicada em 1839, pelo Sr. P. P. da Camara, dá as seguintes noticias daquelle anno:

A Bibliotheca Publica de Lisboa contém para cima de 80:000 volumes impressos, 5:457 manuscriptos; e 32:235 medalhas antigas de oiro, prata e cobre.

O deposito das Livrarias dos Conventos extinctos chegará a 500:000 volumes.

mes.

A Livraria de Jesus contém para cima de 35:000 volu

A das Necessidades contém para cima de 30:000 volumes. A Bibliotheca da Academia compõe-se de mais de 15:000 volumes.

N. B. Vê-se que o author não prestou a necessaria attenção a esta parte da Descripção; tudo quanto diz a este respeito he por estimativa. Julguei, porém, dever indicar aquelle opusculo, por conter noticias de um anno muito posterior ao do Ensaio de Balbi.

BIBLIOTHECA NACIONAL DE LISBOA. (Creada em 1796.)

Esta Bibliotheca possue hoje (Outubro de 1853) 132:000 volumes impressos; 10:000 manuscriptos; moedas e medalhas, aproximadamente, 22:000.

Entre os impressos avultão a Collecção Biblica, que consta de 2:000 volumes; a Collecção Paleotypica, que consta de mil obras; e a Collecção de Bodoni, e de outros insignes typographos, que consta de 631 volumes.

Em cada uma das secções deste grande todo ha muitos livros raros e preciosos.

Entre os manuscriptos sobresahem 500 Codices de leitura antiga, e muitos destes ineditos.

Em quanto a medalhas, tem o primeiro logar, pelo seu numero e raridade, as series das Colonias e Municipios Romanos, das Imperiaes, e com especialidade do Baixo-Imperio, e a dos Reis de Macedonia.

A Bibliotheca Nacional de Lisboa tem tido nestes ultimos tempos, um augmento consideravel, graças ás acquisições de livros dos extinctos Conventos, e de outras Livrarias, de que darei noticia.

Calculava-se que entrarião na Bibliotheca 300:000 volumes das Livrarias dos extinctos Conventos; he porém certo que o Bibliothecario Mór do anno de 1844 declara que, do inventario que assignou, só constava acharem-se no Deposito 183:533 volumes.

Seja, porém, qual fôr o numero a que chegassem os volumes das Livrarias dos extinctos Conventos, que vierão para o

Deposito da Bibliotheca Nacional de Lisboa, he certo que esta tem recolhido nas suas Estantes muitos desses Livros; bem como dali têem sahido grandes porções para a formação de Livrarias de diversas Repartições da Capital. Afóra isso, consta-me que para Angola forão mandados 4:000 volumes; 3:000 para Ponta Delgada; e 2:500 para Santarem: sendo provavel que ainda sejão fornecidos alguns Seminarios.

Existe hoje na Bibliotheca Nacional a rica Livraria de D. Francisco de Mello da Camara (vulgò do Cabrinha), a qual se compõe de 9:200 volumes impressos, e talvez de 300 manuscriptos. O Governo comprou esta Livraria por dez contos de réis, e concedeu ao successor de D. Francisco de Mello da Camara o titulo de Conde da Silva.

Obteve tambem o Governo a Livraria de Luiz Cypriano Ribeiro Freire; mandando parte dos manuscriptos para a Secretaria dos Negocios da Fazenda, e outra parte para a dos Negocios Estrangeiros, e fazendo incorporar na Bibliotheca Nacional os livros impressos.

Do 1.o de Janeiro do anno de 1844 he datado um Relatorio apresentado ao Governo pelo Bibliothecario Mór, o Doutor José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha.

O Relatorio foi publicado em 4 volumes, impressos na Typographia Lusitana, com uma serie de Appensos, muito recommendaveis. Entre estes, são muito interessantes os seguintes: Catalogo das Obras do 15.o seculo, que possue a Bibliotheca Nacional de Lisboa, feito segundo a ordem alphabetico-chronologica do nome das Cidades, em que forão impressas, e illustrado com algumas Notas;-Catalogo das Biblias, Corpos da Biblia e Concordancias, que se achão na Sala especial;-Relação abreviada de algumas Obras raras, que possue a Bibliotheca Nacional de Lisboa.

O Relatorio he um trabalho muito importante, e rico de noticias sobre aquelle estabelecimento. He para desejar que se progrida na publicação de taes documentos, successivamente desenvolvidos, e destinados a esclarecer a situação de um Estabelecimento tão util e recommendavel.

-BIBLIOTHECA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA. No extincto convento de Jesus.

<< Compoem-se de duas Livrarias, que ao todo formam 50:000 volumes. A antiga Bibliotheca, classificada em separado da nova,

que se lhe annexou, contém 33:456 volumes, divididos pela seguinte maneira: sciencias historicas, litterarias e bellas-artes, 9:669; jornaes litterarios e politicos, 325; sciencias naturaes, artes e officios, 3:797; sciencias civís e politicas, 1:517; sciencias ecclesiasticas, 13:085; manuscriptos, 833; livros por classificar, 4:230.» (Novo Guia do Viajante em Lisboa. 1853.)

BIBLIOTHECA REAL DA AJUDA.

« Possue Codices de grande valor. ElRei D. Fernando a nada se tem poupado para a enriquecer; e segundo a opinião geral é a mais rica das bibliothecas de Portugal.» (Novo Guia do Viajante em Lisboa.)

Tem por Bibliothecario o Sr. Alexandre Herculano,—gloria e brilhante ornamento das Lettras.

Na Capital, as Escholas Naval, Polytechnica, do Exercito, e Medico-Cirurgica, possuem Livrarias especiaes dos ramos de conhecimentos a que respectivamente se consagrão.

As Camaras Legislativas têem tambem uma Livraria,—que em verdade está muito longe de corresponder ao seu particular destino.

-BIBLIOTHECA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA.

Tem hoje 14:528 obras, em 43:998 volumes impressos, além de 7:903 vol. avulsos, ou não classificados; e 901 manuscriptos. Nos depositos das Livrarias dos extinctos conventos, a cargo da mesma Bibliotheca, existem 102:290 vol., dos quaes 54:653 estão catalogados.

BIBLIOTHECA DA CIDADE DO PORTO.

«No mesmo edificio está a Bibliotheca Publica estabelecida pelo Duque de Bragança a 9 de Julho de 1833, 1.° anniversario da sua entrada na Cidade do Porto. De 65:000 volumes de que virá a compor-se esta Bibliotheca, 25:000 já se acham novamente relacionados pelo seu Bibliothecario o Sr. Diogo Goes Lara de Andrade. Esta Bibliotheca possue manuscriptos de mui grande merecimento. O Governo Inglez fez a este novo Estabelecimento um rico presente de muitos volumes, que vem a ser uma collecção de documentos importantes para a diplomatica, para a historia e para a legislação, que existiam nos seus arquivos, e que foram impressos a pedido da Camara dos Communs.

Cada volume tem no verso do frontespicio impresso em inglez estas palavras: Este livro será para sempre guardado na Bibliotheca do Porto.» (Urcullu. Tratado Elementar de Geographia. Tomo 2.°-Porto 1837.)

Esta Bibliotheca tem hoje oitenta mil volumes; entrando nesta conta quatorze mil e setecentas obras não catalogadas. Em manuscriptos possue mil duzentos e vinte e dous Codices. A Camara Municipal do Porto comprou a Collecção Numismatica de João Allen, a qual está por em quanto encaixotada por não haver ainda casa segura para a sua exposição; os Quadros e Estampas estão no Museu da Academia das Bellas Artes.

BIBLIOTHECA PUBLICA DE EVORA.

Em 1850 foi impresso em Lisboa o=Catalogo dos Manuscriptos da Bibliotheca Publica Eborense, ordenado pelo Bibliothecario J. H. da Cunha Rivara. Tomo 1.° que comprehende a noticia dos Codices e papeis relativos ás cousas da America, Africa e Asia. Não foi ainda publicado o 2.° Tomo; sendo aliás muito para desejar que o illustre Bibliothecario dê seguimento a tão interessante trabalho.

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A fundação da Bibliotheca de Evora data do anno de 1805, e he obra do grande Arcebispo D. Fr. Manoel do Cenaculo Villas Boas, o qual estabeleceu simultaneamente um Museu e Galeria de Pinturas. O illustre Fundador, ao tomar posse do Arcebispado, encontrou apenas dous mil e tantos volumes, que havião pertencido ao seu antecessor o Arcebispo D. Joaquim Xavier Botelho de Lima, e estavão collocados em uma das Salas do Palacio Archiepiscopal.

Quando nos fins de Julho de 1808 os Francezes saqueárão a Cidade de Evora, soffreu consideravel prejuizo o nascente Estabelecimento do grande Cenaculo, e especialmente o seu rico monetario, o qual foi despojado vandalicamente de tudo quanto continha de prata e ouro.

Em 1811 deu o grande Cenaculo Estatutos á Bibliotheca de Evora, determinou que fosse posta á disposição do publico, doou-a perpetuamente á sua muito amada Igreja Metropolitana de Evora, e applicou rendimentos para a sustentação do interessantissimo Estabelecimento, que elle chamava a sua joia.

Não nos cumprindo escrever longamente a historia deste Estabelecimento, no periodo que decorre desde 1814, anno em que falleceu o grande Cenaculo, limitar-nos-hemos a remetter os Lei

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