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Vidas do Varões illustres em santidade; e Chronicas das Religiões.

O Padre João de Lucena.-Vida de S. Francisco Xavier. Fr. Luis de Sousa.-Hist. de S. Domingos. Vida do Arcebispo. Fr. Manoel da Esperança.-Hist. Serafica da Ordem dos Frades Menores de S. Francisco. «Estas, e outras Chron. das Religiões somente contèem uma narração do que pertence a cada uma das suas provincias, ficando tudo o mais, que toca ao resto da Igreja, sem Historiador, e sem mais outras noticias, que as que se podem colher das Constituições dos Bispados, e dos poucos Synodos, que delles ha impressos.>>

Chronicas Especiaes.

Duarte Galvão.-Chronica do Conde D. Henrique. «Como a não li, não posso dizer o que contem, nem affirmar que existe. >>

Duarte Galvão.-Chronica d'ElRei D. Affonso Henriques. «< Ha poucos dias com grande desacerto mutilada se imprimio em Lisboa; he muy breve, ainda que refere as principaes acçoens daquelle grande Rei; porem entre ellas conta algumas tão inverosimeis, que o fazem merecedor do pouco credito, que os homens prudentes lhe dão nesta parte. » Fernão Lopes.-Chronicas de D. Pedro 1.o, D. Fernando, e as duas partes da de D. João 1.° « Nestas composições não deixou de merecer a estimação, que sempre teve, e que justamente lhe devia dar a primazia do cargo, que occupou.»> Ruy de Pina.-« Reformou as Chronicas dos nossos Reys desde D. Sancho 1.o até D. Affonso 4.o, e tambem a de D. Duarte e a de D. João 2.° Os nossos Academicos, que se tem valido da lição deste author, tem observado nelle algumas contradiçoens, que provão seguiria no que escreveo, o que já estava composto. »>,

Damião de Goes.« Começou a elevar a mayor grão de perfeição a nossa Historia nas Chronicas que compoz d'ElRey D. João 2.o sendo Principe, e d'ElRey D. Manoel. » García de Rezende.-«Compoz a Chronica d'ElRey D. João 2.o com tal ordem, que mais parece hum summario de acçoens, do que Historia. Estylo claro. Meréce credito por contemporaneo, com quanto alguns, por esse mesmo mo

tivo, e por ter sido moço da guarda roupa do mesmo Rey, e muyto favorecido deste, o julguem por suspeyto.»> Duarte Nunes de Leão. «Abrío caminho á Critica da nossa historia, escrevendo com juizo e madureza as Chronicas dos primeiros dez Reys de Portugal. Tambem se lhe attribúe a Chronica, que vulgarmente se chama dos tres Reys. Francisco de Andrade. -« Escreveo a Hist. d'ElRey D. João 3.o, com a falta que muitas das outras Chronicas tem, por não tratarem do governo economico do Reyno. No estylo conservou a clareza e naturalidade do seculo que acabava. >> N. B. Aqui só dou conta, e ainda assim muito em resumo, do que diz o Marquez de Alegrete; no entanto, quando no 2.o volume tratar da Critica Litteraria, occupar-me-hei detidamente com o assumpto importantissimo da historia e merecimento diverso das nossas Chronicas.

Vidas de Reys, Principes, e grandes homens.

D. Fernando de Menezes.-(Conde da Ericeira) << Compoz a « vida d'ElRey D. João 1. He um opusculo bem escripto. » «O mesmo juizo faço da Vida d'ElRey D. João 2.o composta na Lingua Latina com o titulo de Rebus gestis Joannis secundi; sem que as naturaes suspeiçoens me intimidem para deixar de dizer que esta obra he digna de seu Author. >> D. Agostinho Manoel.-Vidas d'ElRey D. João 2.o, e de D. Duarte de Menezes. «Manoel de Faria e Sousa entende que este Author foy mais Politico, que exacto.»>

Fr. Miguel Pacheco.- « Compoz a vida da Infanta D. Maria, filha d'ElRey D. Manoel, com grande approvação, pelo juizo, clareza de estylo, e boa ordem com que escreveo. >> D. Jeronimo Osorio.« Insigne na Lingua Latina, na qual, além de outras mais, e mayores obras, compoz tambem a Vida d'ElRey D. Manoel com tanta elegancia, e pureza de estylo, que justamente he avaliado pelo mayor professor da Lingua Latina dos seculos modernos. >>

Jacintho Freire de Andrade.« Pelo estylo exquisito e particular com que compoz a historia ou panegirico, assemelhase a Paterculo entre os Latinos; sustentou a reputação da Historia Portugueza, que começou a declinar ainda do estado em que estava, no tempo em que tambem se abateu a Monarchia. >>

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Chronicas Geraes.

Fr. Bernardo de Brito, Monarchia Lusitana.-«Este Author venceo no estylo, por ser mais limado e corrente, a todos os que lhe precedêrão, e a alguns que se lhe seguirão. Alguns Criticos mais austeros tirão da classe das nossas Historias os primeiros dous tomos da Monarchia Lusitana, composição de Brito. >>

Fr. Antonio Brandão.-« Continuador da Monarchia Lusitana; author de bom estylo, excellente juizo, prudente liberdade, e de infatigavel indagação. >>

Fr. Francisco Brandão. - « Continuador da mesma obra-sem grande desigualdade.>>

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Fr. Rafael de Jesus. «Não devèra atrever-se a continuar a Monarchia Lusitana, por não ter todas as qualidades necessarias para o emprego de Chronista mór.»>

Manoel de Faria e Sousa.« Erudição vasta. Recopilador de todas as nossas Historias. Mais discreto, do que agradavel; mais erudito, do que eloquente. O seu estylo enfastia a muitos; e alguns reparão em que siga opinioens menos provaveis, do que pede a verdade da Historia. Se agrada a liberdade do seu discurso, tambem não falta quem a julgue por maledicencia.>> Luiz Coelho de Barbuda.-«As suas Emprezas Militares tem

contra si as suspeiçoens do tempo em que as escreveo. » O Padre Antonio de Vasconcellos.-«Na Anacephaleosis resumio as nossas Chronicas, acrescentando, e mudando o que The pareceo, não sey se mais certo, se mais glorioso, e plausivel. O estylo he florido, e quasi poetico, e refere as acçoens que merecião censura, dourando-as com clausulas elegantes, vicio de muitos Historiadores, que por fugirem das venenosas suspeitas de Tacito, abração as enfeitadas desculpas de Veleio. >>

Pedro de Mariz.-«Com o acrescentamento, que presentemente se lhe fez, ganhará certamente muito mayor reputação, que a que merecia. >>

Christovão Rodrigues Azinheiro.-«O mesmo que a respeito do antecedente, no que toca ao Compendio das Chronicas de Portugal. >>

D. Luiz de Menezes. Conde da Ericeira.- «Portugal não só lhe

deve o muito que obrou, como General, em sua defensa, mas tambem o grande credito, que elle, no Portugal Restaurado, e todos os seus ascendentes, e descendentes em outras muitas, lhe tem adquirido assim com o profundo estudo das Sciencias, como pelo continuado exercicio das ar

mas. >>

Cousas da Africa e Asia.

Gomes Eanes de Zurara.-«Com igual reputação a seu antecessor Fernão Lopes, escreveo a 3.a parte da Chronica d'ElRey D. João 1.o, em que por lisongear o genio d'ElRey D. Affonso 5. o Africano, trata só da jornada de Ceuta, e pelo mesmo motivo compoz tambem a Chronica de D. Pedro de Menezes, primeiro Capitão daquelle Presidio. » João de Barros.—«O Livio Portuguez, o grande, e insigne João de Barros, na opinião de todo o Mundo, conseguio na Obra das suas Décadas huma tal perfeição, que justamente devemos esperar da Academia Real...»

Diogo do Couto.« Continuou as Décadas, senão com a mesma reputação, e felicidade, com igual utilidade e exacção. » «A Vida de D. Paulo de Lima he bem escripta, e de nenhum modo abate a nossa historia. >>

Fernão Lopes de Castanheda.—« Escreveo oito livros das acçoens,

qme obrámos na India. Quem lê as Décadas de Barros e Couto, não se satisfaz facilmente de outro Historiador do mesmo assumpto. »

Gaspar Correa.« Escreveo quatro Livros dos successos da India, desde o anno de 1497, até o de 1550. O mesmo que a respeito de Castanheda. »

O Padre Maffeo. «Escreveo toda a historia da nossa India até o seu tempo, na Lingua Latina, com summa elegancia, e pureza, e por esta circumstancia he tão celebre. » Affonso de Albuquerque (filho do grande Affonso de Albuquerque.)— « Braz de Albuquerque, a quem ElRey D. Manoel mandou, que se chamasse Affonso, em memoria de seu pai, escreveo huns Commentarios das acçoens deste Heroe, as quaes bastarão sómente para fazer estimada a obra de seu

filho. >>

Antonio Pinto Ferreira.« A Vida de D. Luiz de Ataíde he bem escripta, e de nenhum modo abate a nossa Historia. »

Amerlea.

Francisco de Brito Freire.« Não temos quem escrevesse dos ultimos descobrimentos, que fizemos na America... mais que tres Authores impressos... dos quaes he o principal Francisco de Brito Freire, estimado não só pela sua pessoa, e pelas acçoens que obrou nestas Provincias, mas pelo bem que escreveo a sua Historia.»

Eis muito em resumo, o catalogo dos Historiadores portuguezes que o Marquez de Alegrête apresenta no Prólogo da sua Historia. Note-se que este author escreveu no anno de 1727.Posteriormente escreverão obras historicas muitos Collegas do author na Academia Real da Historia Portugueza, e nos ultimos tempos tem-se augmentado consideravelmente este ramo da Litteratura Portugueza. Vejão-se os seguintes subsidios, para complemento das noticias do Catalogo do Marquez de Alegrete:

COLLECÇÃO DOS DOCUMENTOS E MEMORIAS DA ACADEMIA
REAL DA HISTORIA PORTUGUEZA. 1721 a 1736.
BIBLIOGRAPHIA HISTORICA PORTUGUEZA...por Jorge Ce-
sar de Figanière. Lisboa 1850.

-INDICAÇÃO DOS PRINCIPAES ESCRIPTORES PORTUGUEZES, QUE EXISTIRÃO ATÉ AO PRINCIPIO DO SECULO 18, CLASSIFICADOS SEGUNDO AS MATERIAS, SOBRE QUE ESCREVERÃO.

Vem no § 407 da interessante obra de José Vicente Gomes de Moura, intitulada Noticia succinta dos Monumentos da Lingua Latina, e dos Subsidios necessarios para o estudo da mesma. -Coimbra 1823.=

No citado explica o douto Professor o que entende por authores Classicos; sendo, no seu conceito, aquelles que escrevêrão aprimoradamente na lingua materna, e que por isso são os mestres praticos da legitimidade, noções e bom emprego das palavras, e de sua boa construcção.

Pondera, depois, que na lição dos Classicos deve advertir-se o seguinte: 1.o está inedita grandissima parte de nossos Escriptores; 2.o a critica, tão felizmente empregada na correcção dos Authores Gregos e Latinos, está ainda entre nós na infancia; 3.o que convem definir, quaes sejão os nossos Authores Classicos;

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