Page images
PDF
EPUB

vesse.

sómente se pediria aos subscriptores, proporcionalmente á promessa de cada um. a differença para menos entre a receita e a despeza, dado caso que a houSendo, porém, regeitado este methodo, reinou longamente a incerteza nos animos quanto á possibilidade de congregar os fundos necessarios; e só terminou em virtude de um accordo, nos termos do qual as despezas da Exposição seriam garantidas por certo numero de capitalistas, que pagariam o excesso da despeza, havendo-o, sobre o producto das entradas e subscripções, e ao contrario ganhariam a receita superabun(Continúa.)

dante.

LITTERATURA E BELLAS-ARTES.

UM ANNO NA CORTE.

CAPITULO XXXII.

(Continuado de pag. 292.)

Aniceto Maleta resolve salvar a patria.

303 O livro não foi levado ao cabo, mas a amizade do frade pelo sr. Aniceto tornou-se firme a não poder ser mais, que era o que este desejava. A chegada do miliciano ao convento da Graça causou pois a Fr. Thomaz uma alegria verdadeira; e quando o porteiro foi dizer-lhe ao refeitório, que o sr. Muleta tinha chegado de fóra, e esperava por elle na sua cella, porque precisava fallar-lhe, o frade não fez mais do que engolir uns atraz dos outros os bocados de carne que tinha no prato, para ir logo ter com o seu amigo.

O sr. Aniceto estava sentado na borda da cama, com os braços caidos e os olhos fixos n'uma das traves do tecto, como quem está profundamente preocupado por um problema que não sabe resolver: quando, porém, sentiu os passos de Fr. Thomaz tornou em si, e levantando-se de pulo, correu á porta da cella.

-Fr. Thomaz, venha, ande cå; estava-o esperando. Tenho que lhe contar, quero ouvir o seu conselho bradou o capitão.

-Sss! -exclamou o frade admirado de que o manhoso Aniceto lhe quizesse ouvir os conselhos. E sentando-se, esperou, que este lhe explicasse o que assim o movia a um acto tão insolito.

quesito, por acaso, não importa porque via... sobe em fim que se medita uma acção atroz, um crime terrivel. Isto disse-o o capitão, mascando as palavras, e com tal confusão de murmurios, e meias frazes, que o frade o não pôde intender.- Que lhe parece Fr. Thomaz, ó conde de Castello-Melhor está bem seguro no valimento d'El-rei?

-Sim-respondeu Fr. Thomaz do EspiritoSanto, que era muito do partido do valido.

-Os jesuitas fazem-lhe guerra; porque querem ministro que seja delles e não do reino; e os jesuitas pódem muito.

preso.

Sss!-exclamou o frade em tom de des

[blocks in formation]

-O confessor d'El-rei não é jesuita, é verdade-accudiu o sr. Aniceto, que traduzia em frazes as palavras soltas do frade.-Mas V. R. bem sabe, sabe melhor do que eu, que os jesuitas tem preceito de affastarem de ao pé dos principes os confessores das outras ordens, para elles ficarem em seu logar. Ora veja como elles já dominam o Infante, e governam na vontade da Rainha; se elles podessem pôr D. Pedro em logar do sr. D. Affonso, estou certo que o fariam.

Não receio.

-Tambem eu não, por ora; e por isso lhe -Soube uma coisa, soube-a de um modo ex-quero pedir um conselho ácerca de um grave as

sumpto, que importa á paz e segurança do reino, e d'El-rei talvez.

O frade fez um gesto de admiração.

[ocr errors]
[ocr errors]

- foi a

livrar o conde de Castello-Melhor da morte. Estou resolvido a ir ao paço procurar o conde, e contar-lhe tudo.

Bom !

Morrer pela patria é o meu dever, não é assim, Fr. Thomaz?

O frade acenou com a cabeça em signal de aprovação.

Eu soube, já lho disse ha pouco Providenciá quem mo fez saber soube um segredo terrivel, e não sei ainda o que hei de fazer delle. Ouvi eu mesmo, ouvi dizer ao Infante com estas orelhas que a terra ha de comer... Osr. Aniceto, que baixára a voz para dizer Quem se não arrisca pela patria nem meestas ultimas palavras, calou-se de repente, e rece o nome de homem.rece o nome de homem. E proseguiu murmuolhou em roda de si, com tal ou qual descon-rando: -Quem se não arriscou, nem perdeu nem fiança.

[blocks in formation]

ganhou.

[merged small][ocr errors][merged small][ocr errors]

Cem-disse Fr. Thomaz.

Agarrando nas mãos do frade, beijando

E isto sabado, quando o conde fôr ás lhas, e cobrindo-lhas de lagrimas o sr. Aniceto suas devoções na Madre-de-Deus.

- Vá dizer...

-Era sobre isso que eu queria consultar V. R. Eu ouvi esta ordem, por acaso é verdade, mas ouvi-a... estando escondido .. a espreitar. E se eu for revelar ao conde este segredo de S. A. e se souber que fui eu, fico perdido; morro com toda a certeza ás mãos de algum dos valentes do Infante.

Várepetiu o frade levantando-se e fa

zendo um gesto imperioso.

-Mas lembre-se Fr. Thomaz, lembre-se de que eu, o seu amigo Aniceto Muleta, serei assassinado, se os do Infante souberem que foi por minha causa que elles não satisfizeram a sua vingança.

Vou eu disse Fr. Thomaz.

-

- accu

Não, não, irei eu, e não V. R. diu o capitão Aniceto, assustado pela resolução do graciano.

Muleta queria tirar proveito do segredo que sabia; receiava porém perder a vida no negocio, e por isso hesitava ainda em o revelar a quem lho podia pagar. Tendo pensado melhor, durante esta conversação com Fr. Thomaz, nas vantagens que da sua situação podia tirar, tomou a resolução de ir elle proprió contar tudo ao valido.

- Fr. Thomaz, os homens nasceram para os perigos. O que importa a vida de um pobre diabo, como eu, quando se trata de salvar a patria; porque é, é de véras salvar a patria o

[merged small][merged small][merged small][merged small][merged small][merged small][merged small][merged small][merged small][ocr errors][merged small]

RECORDAÇÕE DE ITALIA.

IV

Genova.

(Continuado de pag. 248.)

Affirmam que o mundo não póde passar sem ella. Não contesto: declaro, entretanto, que a minha humilde pessoa prescinde optimamente da sua existencia, e paternal sollicitude. Pediramnos os passaportes. Entregamo-l'os. Neste acto, não pude deixar de commemorar, comigo mesmo, os trabalhos penosos a que se sujeita um homem que quer viajar.

304 Estou fundeado em Genova. Cobre-me O fisco tem feito importantes descobertas no o céu esplendido, e celebrado da Italia. Talvez até esteja perto do sitio, aonde se affundou o assumpto em questão. Se custasse apenas dois desordeiro Fiesque, revolucionario mal-agourado, mil e quatrocentos réis, era exorbitante, mas como tantos, promettido em vida ás iras impla-sello, e a amortisação de notas? Que ganha um ao menos logico. Mas que me importa a mim o caveis conservadoras, sujeito depois de morto, aos commentarios acerbos e calumniosos das suas pennas envenenadas, e vingativas.

Vejo a Italia, mas como nos versos do poeta, expirando no verdor dos annos, Giacomo Leopardi :

O patria mia, vedo le mura e gli archi
E le colenne e i simulacri e l'erme,
Torri degli avi nostri;

Ma la gloria non vedo,

Non vedo il lauro e il ferro ond'eran carelsi
E nostri padri antichi..

Gemeas na mesma dôr, a minha e aquella terra, podiam repetir esses plangentes e maguados brados n'uma mesma voz, e affogados n'um mesmo pranto. Lançado na revolução, quasi ao desabrochar da vida, vira as coronhas estrangeiras descançarem nas praças do velho Porto: e ainda de volta a Lisboa, presenceára a bandeira ingleza hasteada sobre as antigas torres, banhadas pelo soberbo Téjo, então humilhado e

servo ! .....

proletario, na existencia de uns pedaços de papel, chamados notas, e d'um estabelecimento de credito, que lhe não faz credito, denominado Banco?

O sello?.... Se apparece impresso, para dar realce ao papel, prescindia de tanta gloria: se é para se mostrarem as armas de Portugal, a exposição não havia inconveniente em que fosse de graça era assim que a minha bolsa entendia a questão: mas o fisco pensa de outro modo, e tem argumentos decisivos em favor da sua opinião,

Esperámos duas boas horas, que a policia soletrasse em terra cada uma das sillabas dos poucos eloquentes dizeres, que completam a authenticidade pessoal do viajante.

Podia decorar cada um dos aspectos daquelle limitado, e bellissimo panorama: e ao mesmo tempo praguejar contra a preguiça, e os escrupulos administrativos. Mas é necessario confessar que, em relação ao passaporte, é extremamente rasoavel o aphorismo italiano: «< chi va piano, va sano; chi va sano, va bene. »

O meu bom amigo italiano não dizia palavra, Em Italia, metade da população, acho eu, mas pensava, acho eu, no mesmo assumpto. sabe lêr e escrever, para ter o prazer de pedir Estes accordos democraticos, é que não ha ty- á outra metade, e aos estrangeiros, o passarannia que os desvaneça. O pensamento é incru- porte. Não se dá um passo, sem vêr á porticificavel, e ri-se de todos os Pilatos, e phari-nhola da diligencia uma cara, realçada por um seus. Supposto isto, sentei-me prosaicamente sobre um bahú, e accendi um charuto, com aquella intima, e inexplicavel voluptuosidade, que acompanha o fumador, quando comprehende de véras as delicias dessa philosophica operação, Não tardou que a policia nos apparecesse, com o seu gesto grave, solemne, e interrogador.

De casaca á paisana, e chapéu redondo, ou de farda azul, bordada de prata, e bonet de galão, declaro que nunca me são agradaveis os cumprimentos desta senhora.

ponto de impreterivel interrogação, e que estende o braço sem cerimonia para vos encher com um sello o espaço branco do vosso inseparavel documento. Felizmente, este serviço é completamente gratuito ao inverso de tudo quanto existe em Portugal, que quanto mais absurdo e odioso, mais caro é.

Estava ancioso de vêr a terra, e no fim de duas compridas horas de espera, podémos finalmente navegar até ao pequeno caes, aonde reside a policia, e poucos passos distante a alfandega.

Attravessamos as ruas maritimas artificial- | gar no Hotel Feder, situado mesmo defronte do mente improvisadas pelas embarcações, esten- Banco de Genova. didas em linha, e abicámos á terra, aonde nos vimos rodeados dos terriveis facchinis.

Aqui valeu-nos o nosso experiente amigo italiano. Ajustámos preliminarmente com o capataz a conducção das bagagens: d'outro modo, acontecer-nos-hia, uma não pouco vulgar catastrophe: um pegaria na malla, outro no sacco de noite, algum tirar-nos-hia o chapéu, para o levar triumphantemente nas mãos, e quem sabe se não nos descalçariam as botas, para alcançarem um frete honroso, rendoso, e pouco trabalhoso.

Lembra-nos sempre, nestas conjuncturas, o dito de Voltaire, quando partiu da Hollanda: « Adieu, canaux, canards, canaille. Esta ultima palavra póde-se applicar aos fachini, sem temor de offender a verdade.

A alfandega é polida como um camarista de semana, e não se demora muito tempo a registar bagagens. Arrependi-me então de não haver trazido alguns charutos de Gibraltar. Em Italia fuma-se caro e mal: ponto que a approxima de Portugal, com licença dos meus amigos do Contracto do Tabaco.

Estavamos no bairro de movimento commercial. Havia uma desafinação completa nas vozes de todas aquellas asafamadas turbas. Por aqui calculei, que o solfejo, e ainda menos o contraponto, não fez alliança com os livros de rasão a lettra-de-cambio, a factura, e os tutti-quanti

do mundo mercantil.

Adoro a civilisação. Quando tomo uma chavena de café com leite, e uma torrada, e me

Que fadigoso aspecto! homens arrancando a carteira do bolso, outros escrevendo sobre um papel, alguns gesticulando com vivo interesse, a maior parte girando em caprichosas direcções.

Se para ter dinheiro, se precisa de tanto trabalho, venha antes a pipa descançada e ociosa de Diogenes, sem a repugnancia do tracto, que me atterra na seita cynica.

No Hotel Feder estava longe de Diogenes cem leguas. As escadas eram de marmore, os aposentos espaçosos, os tectos doirados, os tapetes de um delicioso padrão, os criados de um toilette, a fazer morrer de inveja qualqner burguez em ferias de domingo, levando á missa, de braço dado, a carinhosa esposa, e enxotando adiante os tirannisados fructos do seu amor religioso e legal.

Asseguram-me que o palacio, aonde agora está esta hospedaria, fôra em felizes eras, residencia do almirantado, e se vira passeado por não sei quantos Dorias, descendentes do famoso André, cuja gigantesca estatua, o povo diz corresponder exactamente as suas proporções, em quanto vivo.

Não indaguei a verdade de ambas as coisas. Puz-me á janella, a flanar, como um cantor em disponibilidade, com a garganta repousada, e a bolsa vasia.

tudo

Um homem que tomasse ao pé da lettra, quanto lhe dizem os livros, que se affastasse inteiramente da vida real, deveria ter emoções extraordinarias e novas.

Genova, a conquistadora, a rival de Veneza, a que se vira cortejada de reis, e nacções, sadizem que a porcelana é de Sévres, ou Sazonia, beis o que fazia ás doze horas do dia? commerque o café veio da Havana, ou do Brasil, que ceava, traficava, mercadejava, vendia, como assucar é das Antilhas ou da America-inglesa, prava, enriquecia-se prosaicamente como um merque a manteiga chegou de Cork, ou de Ham-cieiro esperto, ou um marchand de nouveautès, burgo, dou graças ao genio commercial, e ao recentemente chegado de Paris. espirito navegador. Todos os tempos tem a sua poesia: a poesia Mas visto de perto, examinado no seu giro, do seculo desanove é diversa da dos outros seenfastia-me, desgosta-me, aborrece-me. A mi-culos, não ba duvida: mas ou eu me engano, nha alma artistica contrae-se como a sensitiva, ou ninguem se lembra que a patria de Christoem presença daquelle babelismo desharmonico, vão Colombo, se divirta a passar lettras de came tumultuoso. bio pelo canto das ruas, e se entregue exclusi❤ Genova é uma cidade opulenta, e exclusiva-vamente ás operações do capital e juros. mente commercial. Aquelles palacios sumptuosos, aquelles marmores deslumbrantes, aquellas igrejas magnificas, tudo tem um perfume de deve,

e ha de haver.

Passámos a região, propriamente mercantil, cahimos na atmosphera banqueira, tomámos lu

Saímos para aproveitar as horas antes do jantar, e examinar o bairro elegante da cidade. Fomos á rua Balbi, a la Estrada-Nuova, visitámos rapidamente algumas egrejas, e o palacio ducal, e pousámos no fim no Café da Concordia, a tomar vermuth, vinho inventado contra o

fas

tio, e o conhecido absintho, licor celebrado por todo o gastronomo, que se prepara conscienciosamente para um jantar copioso.

alguns milhões de homens, em sanguinosas batalhas: Byron, Lamartine, e todos os grandes poetas, tem a semsaboria de se recommendarem O Café da Concordia tem a sua sede n'um pa- aos vindouros, vendendo os mysterios da sua lacio. Entra-se por uma formosa arcada de mar-alma, e perdendo noites em tremendas e fadimore, dá-se os bons dias a uma gentil ramelhe- gosas vigilias! Tu, ficas eterno na memoria, teira, que nos offerece, com um sorriso, as suas em quanto houver viajantes na Italia, em quanto flores, deliciosamente ordenadas, passa-se a um uma quantidade indeterminada de lords spleenapequeno jardim, illuminado a gaz de noite, eticos, e de ladys pallidas, e interessantes abridepois examina-se um gabinete no genero ro- rem a boca de enthusiasmo, diante das pedras cocó, de extrema opulencia e de maravilhoso as-immortaes da tua famosa patria! pecto.

São espelhos custosos que revestem as paredes: são mesas de pés doirados e tapetes turcos que mobilam o pavimento: são reposteiros e bambinellas de veludo vermelho que guarnecem as portas e as janellas são sophás de veludo da mesma côr, que convidam ao dolce far niente, e que vos intimam que tomeis o desdenhoso orientalismo de um pachá de sette caudas, que não veja em sonhos o fatal cordão, que lhe ameaça a omnipotencia.

Sem ironia, se os barões fossem Pedrocchi, e se houvesse algum raio artistico na cabeça desses mercieiros, que fazem governo, dão as cartas nesta banca, Portugal seria outra coisa que não é, e Lisboa teria deixado de ser uma cidade balcão, como a construiu o Marquez de Pombal, e uma cidade-pucilga, como a herdámos de Pedro II, e D. João V.

Já houve um auctor sceptico que disse que « o amor morava apenas no quente ninho da rola. » Eu affirmo que o elemento artistico existe apenas nas aguas furtadas de algum poeta ou litte

Ainda bem, não examinava, e não gosa va deste luxo, exposto franca e rasgadamente, semrato pobre. as prosaicas restricções de um genio meticulosamente economico, quando ouvi a voz do meu amigo italiano, que nos fazia o seguinte discurso: Isto que vedes é uma miseria á vista do Caffé Pedrocchi, em Padova. Isso é que é luxo, isso é que é riqueza, isso é que é sonho das Mil e uma noites!

e

Deixemo-nos de lembranças tristes: esqueçamo-nos da patria: vamos jantar à table de hote, do Hotel Feder, que já são horas, e beber á saude desse povo, que ou gire esfarrapado faminto pelas ruas, ou se sinta conduzido no vivo galope de dois cavallos, rico ou pobre, fidalgo ou plebeo, é, será sempre, em todos os secuEntão quem diabo se lembrou de ir cons-los, um povo artista. truir um caffé desses, n'uma pequena cidade? perguntei eu meio-incredulo.

.-Pedrocchi era um pobre botiquineiro, que com as penosas economias do seu trafico, comprára umas casas; excavando-as, encontrára um thesouro. Ficou immediatamente acommettido do pensamento de Erostrato o de ser immortal na posteridade: com a differença que um para o conseguir queimou o Templo de Diana, em Epheso, e que o outro, edificou o melhor caffé do mundo, e enriquecen a sua patria, com uma maravilha.

Levantei-me com enthusiasmo.

-Ó Pedrocchi, disse eu, tu eras um genio, e o destino não te tinha reservado para administrar calda de capilé, em copos de agua, nem para seres escansão de Jamaica, e marasquino, de Vermuth e absintho! comprehendeste o seculo, e é de crer que o seculo te não compreenda a ti. Napoleão, alcançou a gloria, exterminando

LOPES DE MENDONÇA. (Continua.)

A LITTERATURA.

XII

(Continuado de pag. 260.)

305 O uso da lingua franceza, tão frequente, tão seguido, e sobre tudo a licção dos livros francezes, desde longo tempo muito generalisada, necessariamente havia de deixar fortissima impressão na nossa lingua.

Até onde se estendeu essa influencia? Não só até ao ponto de se introduzirem na nossa lingua um grande numero de vocabulos francezes, mas tambem de se tomar do francez um modo particular de tecer o discurso, e um certo ar, geito, ou estylo de fallar e escrever, que é proprio daquella lingua, e que não conforma com a indole, genio e caracter da lingua portugueza.

« PreviousContinue »