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zes havia estado nas Caldas, e ahi como em toda a parte, as suas virtudes e probidade eram geralmente estimadas. Assim mesmo, nem eu nem meus cunhados, José da Silva Vergolino, e Manuel Joaquim Affonso podiamos esperar que o sentimento pela sua morte fosse tão plenamente provado por essa povoação. Se a rapidez da doença que de subito acommetteu meu pae e o levou á sepultura, não deu tempo a que estivessemos a seu lado como era nosso dever e ardente dezejo, em tão afflictivo transe, Deus permittiu que dois verdadeiros amigos, os Ill.mos Srs. P. Francisco José da Silva, e Ricardo da Silva Ribas, lhe prestassem tão extremosos cuidados, que não podiam fazer mais se fossem parte do seu sangue. Um destes exemplares amigos, como ministro da Religião, prestou por modo digno da sua augusta missão, todos os soccorros espirituaes de que a vida carece no seu ultimo momento. Escrevendo estas linhas, é meu fim dar um testemunho publico do mais profundo agradecimento, por mim e por meus cunhados, a todos os habitantes das Caldas, e aos dois respeitaveis amigos que deixo mencionados. Marinha Grande, 6 de Se

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NOTICIAS E COMMERCIO.

ACTOS OFFICIAES

1 a 7 de Setembro.

DIARIO N.° 208.

8 Auto de amortisação de varias classes de papeis e de papel moeda no valor de 426:7938358 réis.

Outro relativo á divida externa no valor de 56:517 libras sterlinas.

Outro relativo a notas do Banco de Lisboa, na importancia de 60:930 000 réis.

Notas amortisadas até ao dia 3

de Agosto de 1850 ..

Ditas no dia 3 de Setembro.
Existentes..

2.428:904400
60:930000
2.489:8348410

AGRADECIMENTO.

BARCA ISABEL.

10 Impedidos por negocios de momento, não podémos corresponder ao obsequioso convite do Sr. José Antonio Pereira Serzedello, distincto e mui estimado negociante desta praça, proprietario da barca Isabel, que da praia de Porto-Brandão, onde acabava de ser construida, devia correr para as aguas do Téjo no Domingo passado, 8 deste mez.

Não presenceámos, portanto, o luzido espectaculo, a numerosa concorrencia, que appresentou nesse dia aquella parte da margem do sul do rio, e de que fizeram individuada relação alguns jornaes da capital, como a Lei e a Nação.

Constou-nos que não faltára coisa alguma ao esplendido da funcção, realçada pela affabilidade do proprietario do navio, que fez servir uma copiosa e variada collação aos seus amigos e convidados, não obstante o desgosto causado pela suspensão da barca na carreira, contra toda a expectativa. Oxalá que fosse este o unico dissabor! Porém, somos informados de que no dia immediato, tentando-se dar impulso ao navio por meio da força braçal, rebentou o aparelho, ficando tão maltratados quatro homens, que ainda se 9 Sr. Redactor. Tenho a honra de rogar a acham em perigo de vida. O Sr. Serzedello sentiu-se tão commovido, que perdeu os sentidos, mas, tanto V. que me conceda algum espaço no seu jornal para eu cumprir um triste dever da mais sincera e dura-elle, como pessoas de sua familia, desveladamente se dora gratidão, não só para com dois dos mais extremosos amigos de meu chorado pac, o Sr. Joaquim José de Moraes, mas tambem para com a maxima parte da povoação das Caldas da Rainha, que nos ultimos deveres funebres prestados a um seu hospede, se houve por tal modo, que nunca poderá ser esquecido por mim o muito que a memoria de meu pae deve aos habitantes daquella notavel villa.

Apezar de que meu pae tinha residido a maior parte do tempo na Marinha Grande e em Leiria, aonde foi por alguns annos administrador do tabaco, varias ve

empenharam em prestar os auxilios ao seu alcance neste desastroso successo.

Por conta do Sr. Serzedello se está construindo, no mesmo local de Porto-Brandão, um brigue, que será denominado Viajante.

BOLETIM COMMERCIAL.

11 Consta que no Estaleiro do Oiro se estã construindo 5 embarcações, entre ellas 3 de grande

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Direitos sobre os espiritos em Inglaterra desde o

anno 1844 até o presente. ́

Cada gallão de próva.

S. D. desde 1844 até 13 Agosto 1846 9 4

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Espirito do Canal e Ilhas.

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1844 até 8 Agosto 1845. 8 Agosto 1845 até o presente..

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8 10

8 7

8 2
7 10

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- Praça do Porto, 3 de Setembro. As transacções tem sido regulares: Não houve entradas de generos do Brazil. E procurado o algodão. Chegou do Maranhão nma carga deste genero e foi vendida de 140 a 150 rs. o arratel. - Continua a faltar o assucar branco, o mascavado tem-se vendido de 18200 a 1350-Café poucas vendas. - Falta no mercado a cèra de Angolla.

FUNDOS ESTRANGEIROS.

12 - Praça de Londres, 31 de Agosto. Os fundos inglezes conservam-se firmes. Os consolidados estavam a 965 e 964 tanto á vista como para conta. Acções do Banco, 215 com tendencia para alta.

Paris, 2 de Setembro. Vendas mui consideraveis tinham feito baixar os 5% a 96,40 no dia 31 de Agosto; ficavam a 96,30 e eram procurados; e os 3 a 58. Acções do banco de França subiram 10 francos; negociavam-se a 2:300.

Madrid, 7 de Setembro. Titulos de 3 a 335, de 4 a 133, de 5 a 14. - Acções do banco de S. Fer9 10 nando a 91.

ALMANAK

ᎠᎪ .

REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE

13

ESTE ALMANAK vae ser publicado mui brevemente.

Foi redigido com o fim de ser o mais curioso, o mais util variado e extenso dos que em Portugal se tem publicado. Contém o que vulgarmente se chama folhinha, e muitas noticias e esclarecimentos indispensaveis de maxima utilidade publica e particular.

Aos assignantes da REVISTA já existentes, ou que assignarem durante o volume que hoje

se começa, custará SO réis, e a venda avulsa se fará por 120 réis.

Tanto em Lisboa como nas, provincias será entregue, livre de porte, a todos os assignantes da REVISTA que. satisfizerem o custo do ALMANAK — 80 réis-juntamente com a sua assignatura, fazendo este pagamento aos nossos correspondentes, ou directamente até ao fim do corrente mez de Setembro.

Desde hoje se recebem assignaturas, tanto para as pessoas que forem assignantes da REVISTA, como para os que o não sejam.

Assigna-se no Escriptorio da REVISTA UNIVERSAL, rua dos Fanqueiros n.o 82, e nas lojas da Viuva Henriques, rua Augusta n.o 1-J. Paulo, na mesma rua n. 8- Antonio Maria Pereira, na dita rua n.o 188-Bordallo na mesma rua -Langlet, rua Nova do Almada n.° 77 -Silva Junior, rua do Oiro- Zeferino, rua dos Capellistas, e no armazem da Imprensa Nacional, largo do Pelourinho.

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REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE.

SCIENCIAS AGRICULTURA-INDUSTRIA-LITTERATURA BELLAS-ARTES-NOTICIAS E COMMERCIO.

COLLABORADA POR MUITOS ESCRIPTORES DISTINCTOS.

Redactor e Proprietario do Jornal—S. J. RIBEIRO DE SA.

N.

QUINTA FEIRA, 19 DE SETEMBRO DE 1850.

10.° ANNO.

SCIENCIAS, AGRICULTURA E INDUSTRIA. paiz, é preciso que esta situação vaga e desco

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Esta verdade, que é uma crença para todos, devia constituir, ha muito, uma das bases do nosso systema governativo.

É um erro o olhar para certas e determinadas cifras da receita publica, e querer que ellas só augmentem pelo augmento parcial do imposto. Desafrontae um pouco o lavradoralargae a cada um a cadea com que o prendeis ao cofre do Thesouro, e vereis que o bem estar de todos vos engrossará a verba geral da receita do Estado, em muito maior escala do que o fazem os errados principios, em que repousa o vosso systema tributario.

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Em quanto os diversos partidos politicos não vem a um accordo sobre o que mais acerca dos nossos interesses agricolas, é mister que a lavoira encontre, no principio da associação e na imprensa, a parte do soccorro de que

tanto carece.

O cuidado que, ha já tres annos, dedicamos ao estudo dos interesses da nossa agricultura, nos faz crêr, que a instituição, no paiz, de verdadeiras associações agricolas, similhantes á sempre benemerita-Sociedade Promotora da Agricultura Michaelense-seria um dos factos mais importantes da nossa historia economica.

Os interesses agricolas não se conhecem, não se encontram, nem se discutem, e para bem do

nhecida acabe, e quanto antes. Pelo que diz respeito á imprensa-se os meios de que dispomos fossem tão largos como o nosso dezejo, poderiamos contar com o nosso jornal, como um dos auxiliares que a agricultura carece neste campo da iniciativa e da discussão.

O que lhe podemos offerecer, com segurança, é um verdadeiro desejo pela sua prosperidade, e um continuo cuidado pelos seus interesses, que são os do paiz inteiro.

Ao passo que vamos avançando no caminho da imprensa, mais nos vamos convencendo do dever que temos de estudar todos os pontos de que depende o incremento da nossa agricultura, e mais desejamos que os nossos rogos, tantas vezes dirigidos aos agricultores, fossem ouvidos -e que as suas opiniões as suas idéas praticas, chegassem ás nossas mãos para podermos docu

mentar o nosso constante bradar em seu favor.

Uma noticia importante nos despertou as idéas que deixamos apontadas.

Parece que se tracta de formar uma associação entre os principaes negociantes exportadores

de vinho.

essa associação offerecerá :—
Diz-se que são as seguintes as vantagens que

Evitar com a auctoridade dos nomes dos associados as fraudes, que no mercado estrangeiro desacreditam por vezes o nosso genero:

Calcular proximamente o consumo externo, e conservar no mercado estrangeiro um preço regular, que obste ás subitas alternativas-da alta e da baixa:

Accudir ás crises do mercado interno, mantendo um preço rasoavel, segundo a abundancia

ou escassez da colheita, e conforme a qualidade, do vinho manufacturado.

CHRONICA AGRICOLA.

Não sabemos coisa alguma sobre a organisa- havia, acerca da escassez da colheitaldo vinho naquella 14 As noticias do Minho confirmam os receios que ção e o pessoal desta projectada associação; mas provincia. Não só a quantidade do fructo é pouca, basta que esses seus tres principios fundamentaes mas a sua qualidade é inferior á colheita antecedente. se publicassem pela imprensa, para que seja preço do vinho tem geralmente subido, e no Minho nosso dever provocar, sobre o ponto, as expli-vincia, de 24:000 rs. a 33:600 rs. Um lavrador do consta que se está pagando vinho que não é da procações de que se carece, para se poder abrir a Minho, escrevendo ao Nacional do Porto, calcula, o discussão que tal projecto exige. consumo de vinho da Beira e do Douro na provincia No-mercado-o negociante não póde dei-para o corrente anno, em 60 mil pipas, e acertada

xar de ser o inimigo do lavrador, e a exageração deste facto chega a ponto, que por vezescomo dizia um dos nossos antigos Ministros de Estado: o negociante mata a gallinha que lhe dá os ovos de oiro.

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Na associação-o negociante deve ser o amigo, o irmão do lavrador. Se este for o principio fundamental da nova associação, seremos seus defensores e adeptos se o não fôr não. Seremos explicitos e francos.

A agricultura vinbateira geme, ao presente, debaixo do peso dos seguintes erros :

Contribuição irracional e vexatoria do subsidio litterario:

Desegualdade da contribuição directa chamada -decima:

Exageração espantosa das contribuições municipaes:

Direitos de exportação:

Parte fiscal dos pesados direitos da Alfandega das Sete Casas.

O genero que se não definha pela acção de taes erros, e que hade pagar para o capital o juro de 12 ou 18 por cento, dobra ainda o custo da producção no transito que faz pelas nossas imperfeitas e pessimas communicações.

Na presença desta situação lamentavel, o pensamento, a que nos referimos, póde ser um auxilio poderoso para os nossos vinhateiros, ou um monopolio para mais os desgraçar.

vigilante fiscalisação para que a importação pelas barmente lembra que o Governo deve empregar a mais ras de Vianna e de Caminha, não possa servir de vehiculo ao contrabando dos vinhos hispanhoes.

No mercado de Monte-mór-o-velho, a 11 do corrente, o preço dos cereaes por alqueire, regulou o trigo tremez a 460 rs., branco 360-milho 250, cevada 240. - O azeite sustentou o preço de 2:400,

Noticía o Nacional, que a casa dos Srs. Havras e C., comprára á do Sr. J. B. Ferreira 200 pipas de vinho de 85:000 a 120:000 rs.

Tendo fallado em o numero anterior de um importante melhoramento no fabrico do azeite introduzido

vantajosamente pelos Srs. Almeida Silva e C., da rua dos Fanqueiros n.o 164, por essa occasião dissemos que a exportação deste producto deveria ser objecto de serio estudo, e hoje o provaremos pela seguinte nota do que se despachou por sahida na Alfandega

Grande de Lisboa nos annos de 1840 a 1848.

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De Traz-os-montes as noticias agricolas dão esperanças de má colheita de uva, e os cereaes conservam precos altos, regulando o milho a 340 e o centeio a 320.

Tem subido o preço da agua-ardente, e no Norte

houve vendas a 130:000 a pipa.

Um nosso correspondente de S. Miguel, pessoa para

carta, que neste logar publicamos para esclarecimento da publicidade que demos a uma noticia, que vimos garantida pelos jornaes das Ilhas.

Foge-nos o pensamento desta hypothesenão a queremos suspeitar, nem acreditar, mas jul-nós de muito credito, nos obsequeia com a seguinte gamos dever de consciencia o instaurar uma discussão proficua sobre a projectada associação, da qual seremos o primeiro promotor e defensor, logo que o desenvolvimento das idéas em que assenta, nos demonstre, que é um desses meios que tanto desejamos vêr adoptados, para o mui urgente augmento dos nossos interesses agricolas.

S. J. RIBEIRO DE SÅ.

« Vendo eu que V. confiando-se no que appareceu nas folhas desta Ilha, ácerca do remedio para destruir o bicho das larangeiras, descoberto por Domingos Monteiro Torres, inserira na REVISTA dois artigos, que pelo serem n'am jornal tão acreditado, deram por lá caracter serio á descoberta, e sentindo muito que V. por menos informado, o fizesse, tómo a liberdade de o esclarecer sobre a verdadeira posição deste negocio.

O inventor da receita é' um proprietario, sem curso algum completo em qualquer sciencia, que o eu saiba. Fez a sua experiencia com a cal e sebo, denunciou-a nos periodicos, assegurando feliz resultado, em tres communicados que fez estampar cada semana em todas as tres folhas.

A commissão legal para a destruição do insecto, nomeou outra d'entre si, para examinar a invenção. Basta dizer a V. que um dos resultados foi achar o bicho de perfeita saude debaixo de uma camada do tal composto que elle tinha applicado havia quatro mezes; o caso tomou um aspecto ridiculo. Ora os jornaes daqui não o desmentiram, porque os entendidos assentaram que não valia a pena, e os outros não se quizeram involver em tal.

Eis o quanto se me offerece a dizer a V.»

O Sr. Giraldo José da Cunha, negociante portuguez, residente no Rio de Janeiro, deu mais uma prova do seu louvavel patriotismo, remettendo para o Porto uma porção de semente de linho de fiar, de canhamo de Riga, e de Pinheiro de Flandres. A distribuição faz-se no Porto na rua nova dos Inglezes n.o 86, 1.o andar.

Quem de tão longe se lembra da patria, e da sua paralisada agricultura, merece os maiores louvores, e a mais geral estima.

S. J. RIBEIRO DE SÁ.

CAMARAS MUNICIPAES.

15 Assim como a familia é a base de toda a Sociedade civil, assim tambem as contribuições dos municipios devem servir de pharol para as contribuições geraes, que se devem arrecadar para o Estado, este municipio de todos os municipios. Está na quota parcial que o camarista derrama no municipio, para seu costeio, a revelação inchoada do tributo geral, que o financeiro poderá pedir nesse mesmo municipio, para o costeio do Estado. Essa revelação deduz-se de que, sendo a acção do concelho circumscripta á área delle, alguns são de menos de 2 leguas, e os maiores não excedem a 25 leguas, ou 5 leguas de raio, ou tanto em todas as direcções, como de Lisboa a Villa Franca, raro será o visinho que poderá esconder ao conhecimento da sua respectiva Camara, a arresoad somma dos seus rendimentos, ou o montante dos seus capitaes prediaes, ou a industria em fim donde tira a sua subsistencia. Admittido, porém, que fosse facil a dissimulação na fortuna dos particulares, residindo estes em povoados que não excedem a 4,500 fogos, limitando-se a maior parte desses mesmos povoados a muito menos de 2,000 fogos, ainda nos restavam as contribuições indirectas, que ahi são lançadas, e ahi tem applicação, as quaes sendo facultativas para o consumidor, indicam peremptoriamente os meios dos respectivos municipios para poderem consumir, e por tanto a sua riqueza, porque sem esta não ha consumos, e porque esta é que regula a medida delles. Estão pois, attendendo á sua origem, nos orçamentos municipaes, senão todos, muitos dos fundamentos, para se poder arbitrar, com discrição, o orçamento nacional. Estas vantagens, que offerecem estes or

çamentos feitos em familia aos grupos por todo o Reino, vantagens que equivalem a uma chave que nos dessem de todas as nossas forças ruraes, não tem servido de utilidade alguma administrativa até agora, e apenas se publicaram pela primeira vez no ministerio de 1845, pelo Conde de Thomar, então Costa Cabral, tão valiosos documentos. As informalidades que os deturpam, são bastas, não sendo necessario dizer mais para o provar, do que consistindo estes mappas municipaes n'uma escripturação, pelo methodo de contas correntes, de receita e despeza, não ha uma só dessas contas que balancée o seu debito.com o seu credito! Esta incurialidade é preciso, porém, passar por cima della, porque é endemica a todos os nossos trabalhos estatisticos e que dependam de cifras. Em tendo de se tratar do positivo em Portugal, nada se isempta do peccado original da nossa ignorancia, que mui vagarosamente vai minorando. É esta essencialmente todo o mal que nos molesta. Alguns elementos vão já havendo, posto que máus, donde se podia ír fazendo alguma coisa, para sondarmos o nosso cháos, e conhecermos, e sabermos, o que temos, e para não continuarmos a esgrimir no ar; mas nenhum desses homens, que se tem attribuido a si, e a quem tambem os outros tem dado a maior importancia na nossa terra, tem consciencia alguma das faltas que os acompanham, e exotica extravagancia até nessas mesmas faltas; é que fazem consistir toda a sua importancia. Qualquer desses homens preconisados para tudo em Portugal poderá ter consciencia, segundo a accepção vulgar da palavra, poderá ter honestidade, scrá o melhor dos homens, mas ter a especialidade. ou estar em dia com a actualidade de sciencia alguma, era muito derogar da sua hombridade: cessava desde logo a sua aptidão de convenção; não prestava mais para a politica.

O estudo dos nossos mappas municipaes combinado com os fogos de cada um dos respectivos municipios, a área dos concelhos, a decima, as congruas, a despeza para os expostos, e o auxilio das Camaras para o ensino primario da infancia: o simultaneo estudo de todos estes quesitos sería um foco de luzes a inverter sobre a nossa economia publica; um foco de pontas electricas a alumiarem de toda a parte a nossa administração. Todos os poderes do Estado por via deste estudo haviam de esclarecer-se sobre as posses, com que podiam contar em Portugal, e cessaria essa legislação anomala, acephala, anarchica, que tanto nos perturba. Não póde haver duvida sobre as melhoras, que se haviam de sentir na gerencia dos negocios publicos, se se encetasse este estudo, que aqui se indica. Estes mappas municipaes, entretanto, tendo sido mandados publicar, os primeiros, ha cinco annos já, não vemos que uso algum se fizesse delles, quer na tribuna, quer pela imprensa, qualquer a sua côr, quer pelo Governo. A ninguem mereceram de ser consultados estes mappas. Elles são procurados quasi, como se não existissem. A nossa geral vocação não é para taes materias. Uma polemica vaga, mais ou menos pungente; a facécia irritante; as flores de estylo; as pertenções em linguagem; eis ahi os themas da nossa predilecção; mas nos factos ninguem é tão destemido, para que lhe toque: nesses ninguem se dá ao trabalho de bolir.

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