Page images
PDF
EPUB

REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE.

SCIENCIAS AGRICULTURA-INDUSTRIA-LITTERATURA-BELLAS-ARTES-NOTICIAS E COMMERCIO.

COLLABORADA POR MUITOS ESCRIPTORES DISTINCTOS.

Redactor e Proprietario do Jornal –S. J. RIBEIRO DE SA.

N.' 1.

QUINTA FEIRA, 12 DE SETEMBRO DE 1850.

10.° ANNO.

omeça hoje a REVISTA O decimo anno da sua publicação. É pela quarta vez, que nos apresentamos ao publico, para escrever a primeira pagina de um volume deste jornal. Somos o mesmo de ha tres annos. - Temos a mesma crença, a mesma fé, e a

mesma esperança.
Acreditamos no poder civilisador da imprensa.

Temos fé na patria.

Esperamosque, desviada das paixões politicas, póde ser uma nação feliz, por meio do estudo, e do desenvolvimento dos seus interesses moraes e physicos.

Existem dois campos, onde se debate a causa da civilisação. onde se debate a causa da civilisação. Em um, as paixões e o poder são tudo; no outro, os factos e os raciocinios são os elementos de acção que mais do

minam.

A idéa politica está no primeiro campo-a idéa social está no segundo; -e é neste que a REVISTA, ha dez annos, milita activamente. Já se viu só, sem outros jornaes ao lado, e não sabiu do campo. Ao presente appareceram novos campeões com mais creditos e esforço, e se o nosso posto não fora de honra, poderiamos, sem perigo da nossa causa, passar para o numero dos veteranos. Mas o nosso dezejo não permitte que larguemos a arma; e se o futuro não podesse frustrar os nossos intentos, diriamos que só o termo da vida nos fará calar a penna.

Convem esclarecer os pontos, que servem de base ao nosso pensamento.

Não queremos proclamar o divorcio da idéa social com a idea politica. Conhecemos que a politica não pode quebrar os laços que a prendem ao estudo da sociedade, mas sustentamos que o estudo dos melhoramentos sociaes não se faz exclusivamente entre a tribuna e o jornal politico.

A politica é nulla e insignificante, se no combate das idéas, os affectos se não desencadeam, se as paixões se não espedaçam, e se a coragem e a ambição não estalam electrisadas pelos grandes talentos e decididas vocações.

Os estudos sociaes requerem socego de animo, o silencio do estudo e a resignação da gloria, pelo menos durante a vida.

A politica é como o dia tempestuoso, em que só Deus é grande, e em que a terra fecundada pelas torrentes se prepara tremendo para abrir o seio á producção.

A sciencia social é o dia ameno e creador, em que só Deus é misericordioso, em que os raios do sol, coados por ligeiras nuvens, parecem arrancar, a cada planta, uma flôr, e, a cada flor, um fructo.

Respeitamos a politica porque não desconhecemos a sua influencia directa no destino das nações; mas entendemos que Portugal carece de que, sem affectos nem odios, se estude e se melbore a sua triste situação.

Parece-nos que aos jornaes não politicos-pertence a obrigação de fazer esse estudo, e mais firme, do que nunca estivemos nesse proposito, começamos este decimo volume.

Alguma coisa poderiamos dizer, ácerca do modo como a REVISTA tem desempenhado o seu plano nestes ultimos tres annos; mas ao publico deixamos, sem prevenções, o direito de nos julgar.

A illustre collaboração, que de ha muito, tem accreditado a REVISTA, não nos faltou no volume findo, e já temos a certeza de que, no que hoje começa, será mui honrosamente augmentada.

As nossas opiniões não mudaram em relação ao paiz.
Sustentaremos:

Que a Religião é a base da educação moral do povo:

[ocr errors]

Que a instrucção é um dever do Estado, e que deve ser, em um paiz como o nosso, mais pratica do que theorica.

Que nos sobra instrucção superior, e nos falta ensino administrativo, agricola e industrial. Que a questão financeira se resolve no-Orçamento, e que só nas paginas desse livro se póde operar a unica revolução que nos póde salvar.

Que o trabalho nacional é um elemento de prosperidade, e de ordem, e que deve ser fomentado e desenvolvido, para que no paiz haja mais alguma coisa que seja classe, ou profissão, além dos empregos publicos, e da vida das cidades.

Que é mister que, ante o Governo, a Imprensa e a Associação, as provincias sejam eguaes á capital.

dade:

Que a Agricultura deve ser desvelada mente protegida pelos seguintes meios: -
Ensino :

Exemplo:

Livre exportação:

Livre transito.

Que a Industria fabril tem direito:

Ao ensino:

A livre importação de materias primeiras:

A protecção dos productos que se fabricam por meio do trabalho nacional.

Que a Agricultura, a Industria fabril, e o Commercio reclamam com urgente necessi

Reducção no preço do dinheiro:

Communicações terrestres e fluviaes:
Extensão dos recursos do credito:

Governo das colonias illustrado e probo.

Que a beneficencia publica é um dever do Estado e uma instituição social, que em volta de si deve reunir todas as classes.

Que a justiça deve ser facil, simples, barata e comprehensivel, e que neste ponto só uma reforma radical nos póde valer.

Que a imprensa deve ser auxiliada, com premios, e livre de monopolios.

Que a litteratura patria se deve cultivar por meio da lingua e da puresa e formosura do pensamento.

Que a critica é um conselho, e não um libello.

Que assim como só Deus é grande, só a virtude e o talento são respeitaveis.

O plano da REVISTA consiste na defeza e propagação destes principios. O seu estudo é a nossa missão e o nosso dever.

SCIENCIAS, AGRICULTURA E INDUSTRIA.

CHRONICA AGRICOLA.

1 Os interesses da agricultura são dos primeiros que a REVISTA tem defendido, e que havemos de continuar a defender. Julgâmos que os podemos promover juntando como titulo de chronica agricola, quantos alvitres nos vierem á mente em seu favor, e quantas noticias tendentes a esse fim nos sejam remettidas.

S. J. RIBEIRo de sá.

O que nos factos é a coadjuvação dos nossos agricultores, essa esperamos que nos não falte, pois que por este modo, mui encarecidamente lh'a rogamos, e toda em proveito seu. Todas as communicações, neste sentido, são bem vindas e agradecidas.

O azeite, desde o cultivo até ao fabrico, devia ser assumpto de muito estudo para todo o paiz. Não só o consumo interno, mas tambem o externo, convidam a attenção do paiz para tal ponto. Quanto ao fabrico, podemos hoje dar aos nossos leitores uma nova, que se refere á sua clarificação.

Os Srs. Almeida Silva e C., acreditados negociantes, residentes na rua dos Fanqueiros n.o 164, 1.° andar, percebendo as vantagens do que fica ponderado, e tendo alcançado dar valor as suas marcas nos mercados estrangeiros, e tambem em o nacional, tentaram servir-se do processo da clarificação do azeite, já ensaiado entre nós algumas vezes, porém sem resultado. Prepararam o seu genero para apresentar na ultima exposição da Industria Nacional; e depois de o havermos visto e gostado, muito nos pesa que a exposição não fosse honrada com este producto. O azeite clarificado no estabelecimento dos Srs. Almeida Silva e C., dispensa, quanto a nós, o azeite de Italia, que em Lisboa se vende por um preço fabuloso.

Parece-nos perfeitamente transparente e alambreado, e conservando, como feliz e apreciavel acerto, um gosto vago do fructo. É muito agradavel na comida, e produz bello effeito no arder das luzes que alimenta, sem o mais leve cheiro, nem fumo. Julgamos a indicação dos depositos deste genero, um verdadeiro favor, e por tal motivo, diremos que nos consta, que são na rua do Chiado n.° 7, 11, e 19, na rua dos Fanqueiros n.o 175, e na rua dos Retrozeiros n.o 66. Não somos dos que dizem, que Portugal só deve produzir vinho, mas entendemos, que esta producção agricola é a maior e a mais certa das nossas riquezas, e como principio geral, desejariamos que a sua exportação fosse livre e tambem livre o seu transito no paiz, não sendo sobre tal genero, que fossem recahir com mais força os direitos de consumo. É nossa opinião, que parte fiscal da Alfandega das Sete Casas, é um embaraço para a nossa agricultura -e que apenas só podem admittir os direitos de consumo, chamados municipaes, e estes moderados e sem caracter vexatorio, nem exaggerado. Postos estes principios, já se vê, que a nossa opinião é perfeitamente favoravel ao que pertendem os lavradores, proprietarios, rendeiros e compradores de vinho. quando requerem contra as innovações e verdadeiro augmento de imposto do Edital, que a Alfandega das Sete Casas publicou em o Diario do Governo, ácerca do manifesto do vinho e do azeite, onde entre outras providencias se pertende reduzir a 10 o abatimento de 20 por cento, que desde muitos annos justissimamente se fazia no vinho em mosto. Julgamos, que não poderá haver demora na solução de um negocio, que fez lavrar o maior desgosto em todo o termo de Lisboa, e por tal motivo, remataremos hoje neste ponto, o que nos dita o interesse, que nos merece a nossa lavoira, que tanto carece de auxilio.

[ocr errors]

Julgamos de muita importancia a noticia do grande prejuizo, que soffreu o Concelho de S. Thiago de Cacem nos dias 24, 25 e 26 de Agosto ultimo. Foi o caso - Um pequeno ceareiro lançou fogo ao seu serviço soprava vento forte e fugindo, o fogo assaltou mais de 20 herdades de montados, bastantes colmeias e algumas cabeças de gado. O nosso correspondente avalia o prejuizo entre 30 a 40 contos. Assentando a riqueza do Concelho em montados de sobro de que se contam 30 mil pés, que nutrem 10 a 12 mil porcos, e em cortiça, cuja exportação para Inglaterra se orça em mais de 30 contos é indispensavel, que o Municipio, e o Governo sem demora accudam com pro

videncias, que evitem a continuação destes desastres, que todos os annos se repetem.

As noticias de Angra não são favoraveis á boa colheita dos fructos.

As secas vão causando no Reino mui graves prejuizos. S. J. RIBEIRO DE SÁ.

EXPOSIÇÃO INDUSTRIAL EM LONDRES.

2 Os commissarios da exposição universal em Londres dirigiram ultimamente ás diversas commissões estrangeiras, formadas para tomarem parte naquella solemnidade da industria, uma circular em que as previnem de que estão tratando dos preparativos necessarios para a recepção des objectos que lhes forem remettidos, bem como da construcção de edificio adequado á exhibição dos mesmos objectos, de que já demos noticia neste jornal.

A carta contém instrucções para o pagamento de direitos de alfandega pelos objectos que chegarem com destino de serem vendidos em Londres. Convida as commissões a expedirem as suas remessas por atacado ou pelo menos no menor numero de consignações possivel, a fim de atenuar as despezas.

Ha no porto de Londres agentes expressamente designados para aquelle fim. Será adoptada uma tarifa mais moderada do que a usual. A casa Nicholson, Besley e Cie não exigirá despesa alguma pelas fazendas transportadas pelos seus freguezes, nem pelo desembarque dellas) no caes. Já se vê que os gastos ficam muito reduzidos.

Os mostradores em que se hão de appresentar as fazendas serão fornecidos pelos commissarios: porém terão os concorrentes a faculdade de prepararem á sua custa vidraças ou prateleiras para os objectos que trazem á exposição.

Os commissarios exprimem o dezejo de que se lhes communiquem, com brevidade, os designios dos concorrentes estrangeiros.

A exposição industrial cosmopolita preoccupa vivamente o paiz que tomou tão honrosa iniciativa. Esperamos que ella sirva, pela comparação de todos os productos cotejados em relação a cada ramo de industria, para convencer de quanto importa a cada uma nação produzir de preferencia os objectos em que leva decidida vantagem.

O edificio destinado á exposição, não obstante as reclamações dos habitantes de West-End, e as petições dirigidas ao parlamento contra o projecto primitivo, será erecto em Hyde-Park, que é com effeito o local mais proprio. A commissão encarregada de examinar os planos dos architectos havia dado a principio a preferencia aos de M. Horeau, de Paris, e M. Turner, de Dublin; mas, por ultimo, talvez por amor proprio nacional, declarou-se definitivamente pelo projecto de M. Paxte, de Londres.

O edificio, de 2.000 pés de comprimento por 400 de largura, será inteiramente composto de vidraças e ferro, 1:024 columnas, de altura de 15 pés, o repartirão em 24 galerias, de 24 pés de bocca, appresentando no total um desenvolvimento de cinco milhas

inglezas. Sobre armação de ferro, tão leve quanto solida, será collocado o tecto de vidraça com 1.070:760 pés de superficie. A parte central finda a exposição, poderá ser transformada em passeio coberto, franqueado a carruagens e cavalleiros.

As columnas, os arrimos das galerias, as traves, os cinteis, em summa todas as peças, são respectivamente reproducções de um só modelo; as chapas de

vidraça são todas da mesma dimensão; de modo que tudo se póde assentar sem dependencia de numeração ou de outras marcas: circumstancia que proporciona a conclusão da obra antes do 1.o de janeiro de 1851. Quanto á industria franceza, accresce uma rasão de mais para enviar os seus productos á exposição de Londres: o governo francez encarrega-se de os transportar gratis.

IMPORTAÇÃO DE VINHOS NA GRÃ-BRETANHA NOS SEIS ANNOS DE 1844 A 1849.

[blocks in formation]

Quota por cento em que cada qualidade | neas, que retem constantemente uma porção dessas entrou no consumo total em cada anno.

[blocks in formation]

4 É sabido, que para usos da tinturaria e da impressão, se empregam diversos acetatos, entre outros o acetato de aluminia, que se prepara precipitando os sulphatos das bases pelo acetato de chumbo. Obtem-se deste modo, como producto secundario, uma quantidade mui consideravel de sulphato de chumbo, e posto que este sal tenha algumas applicações na fabricação da alvaiade, no vidrado da louça etc., os fabricantes não conseguem dar extracção senão a diminutas porções da quantidade que se veem obrigados a accumular; e a essas mesmas por um preço porporcionalmente modico. Independente disto. não pode aproveitar-se nestas applicações senão o sulphato de chumbo puro, e não o que se prepara com os acetatos de chumbo misturado a materias pyroge

materias, e por consequencia uma côr parda.

Nestas circumstancias julgou conveniente o professor Schnedermann pesquizar um processo para regenerar de um modo pratico e economico o chumbo daquelle producto; e depois de varias tentativas achou o seguinte.

O sulphato de chumbo mistura-se intimamente a carbonato de cal, carvão e spath-fluor, e esta mistura escandece-se a ponto alto. Formam-se assim sulphato de cal e carbonato de chumbo, que se podem reduzir pelo carvão ao metal chumbo. Como o sulphato de cal na temperatura empregada não entra em fusão, o chumbo não se reuniria n'um residuo, mas ficaria disseminado na massa do gesso, se não se ajuntasse ao mesmo tempo spath-fluor: esse corpo goza, como é sabido, da propriedade de entrar em fusão n'uma alta temperatura com o sulphato de cal; provavelmente pela formação de um sal duplo mais fusivel; esta acção exercita-a egualmente para formar com o sulphato de cal uma escoria que se funde com facilidade.

As proporções mais proveitosas entre os elementos do mixto são 8 partes de sulphato de chumbo (secco ao ar) 5 partes de carbonato calcareo, 1 a 1 de carvão e 3 partes de spath-fluor. Esquentado até á temperatura do rubescente tirando para branco aquelle mixto durante uma hora n'um cadinho de Hesse collocado n'um fornilho de ventilação, obtive (diz o professor) no fundo do cadinho um residuo de chumbo metalico perfeitamente macio e isento de enxofre. Na escoria ao de cima, que era um tanto porosa, observaram-se ainda espalhados alguns grãos de chumbo: recolhidos estes, triturando a escoria e submettendo-a a lavagens, e ajuntando-os ao residuo obtive quasi a totalidade do chumbo contido no sulphato de chumbo que empregára; isto é, um producto muito satisfatorio.

LITTERATURA E DELLAS-ARTES.

di

Este processo, quando se faça applicação em ponto | Antonio de Belem. Um Juiz do Povo é para grande, será talvez vantajosamente praticado n'um zer verdades ao Rei, e defender os interesses forno de reverbero. da nação. Nunca a lingua lhe dòa, meu rico Antonio de Belem! Mas como eu ia dizendo, o caso por ora não é tão serio proseguiu o capellão do Infante:- póde vir a sel-o, mas ainda o não é. O que eu queria só, era conhecer e tractar em amizade estes bons e honrados membros da respeitavel casa dos vinte e quatro, e dos officios da cidade; e saber o que elles pensam do que ultimamente se tem passado na côrte. Porque emfim, se as coisas continuarem assim, será preciso tomar alguma resolução, para impedir que o reino se não perca de todo. -E verdade. Tem rasão-bradaram algu

UM ANNO NA CORTE.

CAPITULO XXV.

A estalagem do Alémtejo.

(Continuado de pag. 577 do volume 9.°)

5 Quando viu os seus joviaes companheiros deixarem maiores intervalos entre copo e copo de vinho, e diminuirem consideravelmente o movimento das maxillas, que a principio haviam trabalhado com portentosa velocidade, Antonio de Belem impoz, com um gesto, silencio,

e todos calaram instantaneamente.

-É tempo de fallarmos em coisas sériasdisse elle. O Sr. Padre José da Fonseca disseme, ha dias, que dezejava praticar, em objectos que interessam ao povo todo, com alguns dos membros da caza dos vinte e quatro e dos officios, que fossem de melhor conselho, e em que eu tivesse mais confiança. Eu, a falar a verdade, tenho todos em muita conta, porque de gente como nós não ha que desconfiar e por isso escolhi aquelles que são amigos meus de ha muitos annos, com quem me tenho achado sempre nas occasiões de perigo, e que sei mais poder tem no animo e vontade do povo de Lisboa.

-O caso não é tão serio, por ora, como V. m. o quer fazer, Antonio de Belem-atalhou o

Padre José. Isto não é uma conjuração...
Bem no sei-disse o Juiz do Povo.
Louvado Deus, o tempo dos conjurados já lá vae.
Agora a gente, quando não lhe agrada uma coisa,
quando vê que se não levam os negocios politi-
cos pelo bom caminho, vae ao Paço, e diz a El-
Rei claramente o que intende, e o que quer. E
se as portas do Paço se não abrem logo, espera-
se que El-Rei sáia, agarra-se-lhe no freio do
cavallo, e alli mesmo na rua, diante de todos
falla-se-lhe a verdade inteira. Eu, que aqui es-
tou vivo e são, já por duas vezes fiz
duas vezes fiz parar Sua
Magestade, que Deus guarde, no meio da rua,
para lhe dizer o sentir do povo, a respeito das
coisas da guerra.

-E é assim, que deve fazer sempre, Sr..

mas vozes.

- Já deveis saber o que ha seis dias se passou no Corte-Real?

-Ouvi dizer que tinham lá entrado os da patrulha,-disse Fr. Antonio da Redempção

-e tinham assassinado...

[ocr errors]

-Meu amo, o meu rico capitão! — exclamou Diogo Cutilada.

-0 Sr. Francisco d'Albuquerque ?-perguntou o frade.

Os assassinos entraram lá, para assassinarem
-Esse mesmo respondeu o padre José.-
Sua Alteza; e, receiando que elle gritasse,
quando lhe passaram pelo quarto, mataram-no...

-Mas o Sr. Francisco d'Albuquerque não
estava em estado de gritar; desde o dia em que
beira, nunca mais pôde fallar.
fora ferido alli para a banda das portas da Ri-

-O que é certo-atalhou o padre é que Melhor, entráram no Corte-Real, e tiraram a os valentes de El-Rei, mandados pelo Castellovida a um dos fidalgos do Sr. Infante. Este maldito valido ha de perder o reino, e entregarnos nas mãos dos hispanhoes, depois de ter tirado ao povo até o ultimo real. A liga com França, que seria uma felicidade para o rei

[blocks in formation]
« PreviousContinue »